
Tentei lembrar detalhadamente o primeiro encontro. Ele telefonou pra mim avisando que tinha chegado. Não sabia ao certo se ele era alto ou baixo, gordo ou magro, feio ou bonito. Apenas a voz e o jeito carinhoso de conversar, as palavras todas. Era o suficiente pra mim, ali estava a beleza que eu procurava.
Quando desci o último degrau da escadaria do prédio, olhei pro lado oposto da rua. Ao lado do carro, ele em pé. O sorriso tímido iluminou aquela noite. Um homem simples, jeito calmo. Quando nos cumprimentamos ele tirou de dentro do carro um buquê de flores do campo. Margaridas e sempre-vivas, cores alegres, perfume tão bom. E foi assim que tudo começou.
Corri até o livro de Neruda que eu estava lendo. Dentro uma flor seca, que guardei de recordação. Os momentos vieram à tona, os finais de semana, os pratos que ele preparou, as músicas que escutamos, os lugares onde fomos.
Terminei o flashback admirando as orquídeas de cor arroxeada, último presente que ganhei. Voltei das lembranças quando a campainha tocou, era ele. Fomos jantar. Dia após dia, feito um belo tricô ponto a ponto, assim é feito um relacionamento.
- “Vocês dois são casados?”.
Por que será que casais de namorados, já na meia-idade, parecem ser casados?
- “Quase isso”. Evitamos encontrar nossos olhares. Isso é futuro, será que o futuro existe?
Pensamentos se traduzem em gestos, podem ser interpretados até mesmo a longa distância: afinidade, cumplicidade, conhecimento. O lado preferido na cama, o jeito de preparar o café, as manias, os modos, as revelações e o silêncio.
- “Quero conhecer sua mãe”.
- “É cedo, tenha calma”.
O medo de errar na escolha, repetir o engano, abrir a ferida. Confiança, um pôquer no escuro.
De flores secas e flores frescas. De bons e maus momentos. Dia após dia: mais um mês, outro mês! É uma arte que exige destreza, sensibilidade, agilidade e força: amar! Te amar!
3 comentários:
Diva,sem pieguice escreveu bonito.Tudo vem ao seu tempo,bem sabe!Como vc,conheci meu atual namorido na internet,várias cinquentonas lhe rodeavam no Orkut,eu ria,passamos meses trocando e-mails(mta paciência)e já vamos fazer 1 ano em breve;e de repente,ele saiu do Orkut e de todos os sites de relacionamento.Não ganho flores,mas uma fidelidade espantosa,não moro em SP e ele vem sempre para os meus braços.Vivo o hj e nada mais,o futuro não me interessa,não quero casar.Como bem diz:"é um tricô,ponto a ponto" - bela figura de linguagem.Tati
O que direi aqui é pra Tati, que comentou este texto e é pra todos que acompanham o meu blog.
Não importa ONDE você conheceu alguém, nem QUANDO conheceu alguém, mas sim QUEM você conheceu. Ainda paira no ar o preconceito contra a internet. Quem está na internet? Eu estou e você, leitor ou leitora, também está. Somos nós! Portanto, deixemos de lado o preconceito e sejamos cautelosos, tanto quanto somos do lado de fora desta telinha.
Obrigada pelo comentário, desejo toda sorte e felicidade do mundo em seu relacionamento, tenha ele começado no computador ou em qualquer outro lugar!
Leitores queridos!
Não me referi a qualquer um de vocês, mas ao que ocorre algumas vezes. Já notaram que há pessoas que torcem o nariz pra internet? Quantas vezes algum amigo ou conhecido pediu: não conte pra ninguém que eu te conheci na net! Foi isso o que eu quis dizer.
Tati, você não é preconceituosa não.
Espero ter agora esclarecido.
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