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Amanheci pensando nos tão comentados pézinhos de alface, que plantei há algum tempo. Algo a refletir: no quintal que foi da minha mãe - que faleceu -, na jardineira que ela comprou, plantei as sementes. O meu ninho!
Diariamente reguei as mudas, que estão crescidas, quase no ponto de irem pra travessa de salada. Enquanto isso pensei na vida. Nos temporais que destruíram planos, na esperança e todos os esforços que fiz pra chegar neste momento: o dia de hoje.
O casamento é feito de mútua colaboração, mesmos objetivos, mesma estrada. Ao longo do caminho alguém pode pegar um atalho, diminuir ou acelerar ritmo dos passos, desistir. Isso pode acontecer no primeiro momento, no meio do caminho ou até mesmo na época de comemorar bodas de prata, com netos ao redor. Não há como prever, mas há como prevenir isso. Dividir o mesmo teto com alguém, participar da rotina, dos dias. Sentar à mesa da família do par, ter cunhados, sogro, sogra, talvez enteados. É mais gente, quem sabe mais problemas. Não necessariamente.
As contas chegam, as despesas existem. Toda noite voltar pro lar, encontrar aquele ser que pode ter tido um péssimo dia, ou então estar a fim de assistir TV enquanto você queria ir dançar. Respeito, compreensão, diálogo, abrir mão de algo em prol do casal. Não é fácil! Tanta gente sozinha, tantos casamentos desfeitos, inclusive o meu.
Conheci um casal que comemorou 54 anos de união. Idade avançada, lá estavam. Ele falava, ela ao lado, sorria com docilidade. Uma cumplicidade que tem registrada as dificuldades que a vida lhes impôs, a vitória de se manterem juntos. Quanta sabedoria há, conduziram a vida sem soltarem as mãos, sem desviarem a rota. Apaixonante esse casal. Ele disse o seguinte: - “ela é o tesão da minha vida”. Admirada, segurei as lágrimas. Nem mesmo o mais romântico filme hollywoodiano causaria tamanha emoção. Já imaginaram ouvir isso do marido depois de 54 anos de casamento? Invejável, sinceramente. Lindo, com certeza!
De vez em quando acredito que a causa de tantas separações é o imediatismo das pessoas. Não deu certo? Procure um advogado e busque o divórcio. Vapt e vupt. É cada um pro seu lado, com direito a encontrar um novo alguém. E começa tudo de novo. Tem gente sozinha em todos os lugares possíveis, basta querer encontrar. Alguns casam pensando assim, portanto o que esperar?
Por outro lado, não é mais preciso aturar alguém que se mostrou incompatível. A velha hipocrisia: infeliz, mas mantendo a aparência de falsa felicidade. Antigamente era preciso tolerar alguém inadequado, tudo em prol da família e da sociedade. Quase uma condenação, mutilação.
Olhei novamente pros pés de alface. Plantei sementes que ganhei do meu novo par. Sementes de verdura e de esperança. Um recomeço. Não tenho mais 54 anos de expectativa de vida, creio que não. Porém, espero um dia lembrar deste momento e celebrar alguma boda, quem sabe de prata? Ter aquele casal maravilhoso como exemplo. Lições que a vida, ainda que de modo severo, soube ensinar. Enfrentar as dificuldades sem soltar as mãos, sem hipocrisia, lado a lado, amando a vida e o homem que me acompanha. Por livre escolha, sem jogar apenas pra torcida, sem falsos laços. Escolha lúcida e diária. E que seja assim, com muita fé e colhendo do passado não as larvas, as pragas, mas os bons frutos das lições de vida.
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
24 de set. de 2010
RECOMEÇO
Amanheci pensando nos tão comentados pézinhos de alface, que plantei há algum tempo. Algo a refletir: no quintal que foi da minha mãe - que faleceu -, na jardineira que ela comprou, plantei as sementes. O meu ninho!
Diariamente reguei as mudas, que estão crescidas, quase no ponto de irem pra travessa de salada. Enquanto isso pensei na vida. Nos temporais que destruíram planos, na esperança e todos os esforços que fiz pra chegar neste momento: o dia de hoje.
O casamento é feito de mútua colaboração, mesmos objetivos, mesma estrada. Ao longo do caminho alguém pode pegar um atalho, diminuir ou acelerar ritmo dos passos, desistir. Isso pode acontecer no primeiro momento, no meio do caminho ou até mesmo na época de comemorar bodas de prata, com netos ao redor. Não há como prever, mas há como prevenir isso. Dividir o mesmo teto com alguém, participar da rotina, dos dias. Sentar à mesa da família do par, ter cunhados, sogro, sogra, talvez enteados. É mais gente, quem sabe mais problemas. Não necessariamente.
As contas chegam, as despesas existem. Toda noite voltar pro lar, encontrar aquele ser que pode ter tido um péssimo dia, ou então estar a fim de assistir TV enquanto você queria ir dançar. Respeito, compreensão, diálogo, abrir mão de algo em prol do casal. Não é fácil! Tanta gente sozinha, tantos casamentos desfeitos, inclusive o meu.
Conheci um casal que comemorou 54 anos de união. Idade avançada, lá estavam. Ele falava, ela ao lado, sorria com docilidade. Uma cumplicidade que tem registrada as dificuldades que a vida lhes impôs, a vitória de se manterem juntos. Quanta sabedoria há, conduziram a vida sem soltarem as mãos, sem desviarem a rota. Apaixonante esse casal. Ele disse o seguinte: - “ela é o tesão da minha vida”. Admirada, segurei as lágrimas. Nem mesmo o mais romântico filme hollywoodiano causaria tamanha emoção. Já imaginaram ouvir isso do marido depois de 54 anos de casamento? Invejável, sinceramente. Lindo, com certeza!
De vez em quando acredito que a causa de tantas separações é o imediatismo das pessoas. Não deu certo? Procure um advogado e busque o divórcio. Vapt e vupt. É cada um pro seu lado, com direito a encontrar um novo alguém. E começa tudo de novo. Tem gente sozinha em todos os lugares possíveis, basta querer encontrar. Alguns casam pensando assim, portanto o que esperar?
Por outro lado, não é mais preciso aturar alguém que se mostrou incompatível. A velha hipocrisia: infeliz, mas mantendo a aparência de falsa felicidade. Antigamente era preciso tolerar alguém inadequado, tudo em prol da família e da sociedade. Quase uma condenação, mutilação.
Olhei novamente pros pés de alface. Plantei sementes que ganhei do meu novo par. Sementes de verdura e de esperança. Um recomeço. Não tenho mais 54 anos de expectativa de vida, creio que não. Porém, espero um dia lembrar deste momento e celebrar alguma boda, quem sabe de prata? Ter aquele casal maravilhoso como exemplo. Lições que a vida, ainda que de modo severo, soube ensinar. Enfrentar as dificuldades sem soltar as mãos, sem hipocrisia, lado a lado, amando a vida e o homem que me acompanha. Por livre escolha, sem jogar apenas pra torcida, sem falsos laços. Escolha lúcida e diária. E que seja assim, com muita fé e colhendo do passado não as larvas, as pragas, mas os bons frutos das lições de vida.
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