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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







18 de nov. de 2010

O QUE VEM DO CORAÇÃO


Nada mais chato que gente que se acha intelectual. O cara fala de tudo, mas não fala de nada. Pensa que é filósofo, pensa que é poeta, pensa que pensa, mas pensando bem, falta conteúdo naquela cabeça oca.
O coquetel de lançamento do produto estava marcado na minha agenda. Quis fugir, dar uma desculpa, em plena quinta-feira chuvosa eu queria mais era voltar pra casa, ficar descalça, preparar miojo e vestir meu pijama largo com o eslástico frouxo na cintura. Nada disso, precisei seguir à risca o compromisso assumido. De vestido pretinho básico e scarpin de salto alto, os meus pés reclamavam e as costas faziam coro com eles.
Passava das nove da noite quando pude escapar, não muito ilesa, depois de escutar blablablás sobre seguimentos econômicos, opiniões políticas e palpites jurídicos pra mim incompreensíveis. Fui de enfeite, por assim dizer. Quase uma penetra, porque o compromisso era de uma amiga, ela era a economista e eu o suporte técnico, a forcinha solidária pra que não fosse sozinha.
Mosquitos, malucos e "sapos" são ítens indispensáveis em eventos ao ar livre. Há meses não sei mais o que é visitar o site do "Brejo Perfeito". Comprometida com meu Mr. Divo Latívio, dispenso novos candidatos e evito tentações desnecessárias. Mas, o que fazer? Lá estava metade do "brejo", em formato de gente e fantasiados de executivos bem sucedidos. Altos, baixos, velhos, jovens, gordos, magros. Porém, anfíbios com carteirinha de sócios da "lagoa". Casados sem aliança, solteiros na caça.
- Mas, você é casada?
Olhei pro meu anular esquerdo. Não sei dizer porque, mas depois de tantos anos de divórcio, esse meu dedo ainda tem uma marquinha dos quase vinte anos que usei aliança de casamento.
- Sou sim.
- Ah, tá... Bobinha e mentirosa. Cadê a aliança?
Apontei pro meu coração. Aqui está a minha aliança. Não tem assinatura, não tem juramento em vão, não tem testemunhas e pra ele eu digo sim, mas em silêncio, em momentos sem solenidade.
Terminei o texto vestida com meu pijama listradinho. Suspirei e sorri pra tela do computador. Mais casada do que nunca!

2 comentários:

Joyce disse...

"Apontei pro meu coração. Aqui está a minha aliança. Não tem assinatura, não tem juramento em vão, não tem testemunhas e pra ele eu digo sim, mas em silêncio, em momentos sem solenidade."
Que trecho maravilhoso, adorei! Alianças são meros "enfeites" já que o compromisso mesmo deve ser feito com o coração.

Bjao.

Cláudia Cavalcanti disse...

Joyce,

Eu sou da área jurídica e acho que casamento tem que ser formalizado, ainda que o regime de bens seja a separação de bens. Por que? Pra evitar mil problemas se apenas estiverem morando juntos. Pode dar uma dor de cabeça isso... Nem queira saber. Porém, o compromisso não vem de um papel e nem de uma aliança. O compromisso vem do coração. Que bom que gostou! Obrigada pelo seu comentário!
Beijo