
Hoje, segunda-feira de novembro de 2010. No horário do almoço interrompi o meu trabalho e levei flores ao túmulo da minha mãe. Um ano. Parece que o pesadelo aconteceu ontem. Com dois vasinhos de crisântemos nas mãos, ajoelhei-me no gramado do Cemitério do Morumbi, sem me importar muito com a roupa que usava e sem me preocupar com a hora. Há vários meses evitava o local, talvez por egoísmo, talvez por questão de auto-estima. Não sei. Quis poupar-me daquele instante. Fiz uma prece, não pude conter o choro. A saudade pode transformar-se em algo similar ao desespero. Então, percebi pertinho de mim um pardalzinho, passarinho miúdo que parecia me observar. Elevei o olhar, notei o azul do céu entre nuvens. Suspirei resignada. Fui abençoada com uma momentânea sensação de silêncio e paz.
Mãe, querida. Onde agora você estiver, segue um texto de sua escritora maluquinha. Depois de você, seguiu pra essa viagem inexplicável o meu querido Abilinho. Capricho do destino, ele partiu exatamente sete meses depois de você, em um outro dia 29. Então, decidi riscar todos os dias 29 de todos os calendários. Rabisco um X em cada dia desses. Todos os meus meses pulam do dia 28 para o dia 30. Hoje, segunda feira de novembro de 2010. O dia não existe, não mais.
“Viver é celebrar a vida”. Prometo, vou me esforçar. Deixo aqui uma das músicas que você mais gostava: “Voa, Liberdade” ( Jessé). E que você, aí nessa misteriosa imensidão, esteja livre de toda dor, de todo o mal, no colo do Deus em quem você sempre tanto confiou.
Saudade da filha que tanto te ama,
Cláudia
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