
Aqui estava eu, Diva Latívia, lendo e-mails e trocando breves mensagens com amigos no MSN quando apareceu online a minha sobrinha.
- “Titia, sabe aquela sua bolsa que você me emprestou?”.
Quando li isso senti uma espécie de calafrio. Mau pressentimento.
- “Sim, querida, lembro da minha bolsa de festa preferida”.
- “Sabe a chuva? Caiu na enxurrada quando eu desci da moto do Rodrigo”.
Fiquei alguns instantes totalmente analfabeta. Não podia ler e nem escrever palavra alguma. A bolsa era caríssima, usei apenas uma vez. Minha sobrinha pediu emprestada pra ir a uma festa de formatura.
Finalmente voltei a ler: - “Tia, prometo que vou te comprar outra igualzinha”.
Na hora calculei quantas mesadas ela terá que desembolsar pra cobrir o prejuízo.
- “Tia, tá paquerando, né? Por que não responde?”.
Queria encontrar no teclado a letra A, de arrependida, mas deu branco, esqueci onde ficava. Somente encontrei a letra B, de burra.
BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB!!!
- “Tia, tô indo aí na sua casa!!!”.
Finalmente reencontrei a letra A. Respondi: - “Agora não. Amanhã a gente conversa”.
- “Mas, Tia Diva, preciso ir aí pra pegar emprestada aquela sua sandália preta”.
Fiquei imaginando a criaturinha usando minha sandália preta, também caríssima, na garupa da moto do Rodrigo. Fiz minhas contas: bolsa 500 reais. Sandália 350 reais. Estava assim, tentando somar o prejuízo, quando li: - “Titia, empresta também aquele seu vestido?".
A visão que tive parece ter sido tão real! Meu vestidinho de grife voando ao vento em uma motocicleta. Pingos de chuva desbotando a sua cor. Continuei minha matemática. Vestido 1.200 reais. Bolsa 500 reais. Sandália 350 reais.
- “Tiaaaaaaa, para de namorar e responde!”.
Desliguei o computador sem ao menos dizer boa noite pra minha listinha de contatos do MSN. Fui tomar um chá de camomila. Dizem que acalma os nervos.
( Texto de minha autoria, publicado no blog Janela das Loucas em 2009).
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