
Que bom seria se a vida fosse uma propaganda de margarina! O sol entrando pela janela da cozinha, a mesa farta e apinhada de bolos e geleias irresistíveis. O maridão sorridente, o cachorro abanando o rabo e as crianças todas alegres e prontinhas pra ir pra escola. Felicidade total, harmonia geral. Incrível, fosse real aquilo ninguém estaria sentado à mesa. O marido estaria atrasado, a mulher estaria meio descabelada, o casal teria se despedido apressadamente, um dos dois lembraria que a prestação da casa própria venceria naquela data. As crianças estariam sonolentas e sem a menor vontade de ir pra aula. O cachorro já teria pulado na mesa e lambido a margarina do pão. Vida real é meio sem glamour, mas tem lá o seu encanto, afinal trata-se de uma família e isso tem sempre um lado bom... Ao menos às vezes.
Tem coisa mais engraçada que propaganda de banco? É todo mundo pedindo empréstimo, pagando contas e sorrindo pro gerente da agência bancária. Preciso dizer como é isso na vida real? E propaganda de carro? Confesso que confundo todos os modelos sedan, de todas as marcas. Jamais me importei com os carros. Fui ao salão do automóvel e só consigo mesmo é lembrar daquele robô e das modelos magérrimas com o sorriso congelado. Coitadinhas, aquilo deve ter lhes causado câimbra, dor no maxilar. Tinha uma delas, loira platinada. Estava com ares de morta de cansada. Quando um flash piscou, ela novamente sorriu. Eu não sabia se ria ou chorava de pena. Mulher que é mulher não se presta ao papel de acessório de veículo automotor. Porém, cada um faz o papel que bem entende.
Por falar em papel, tem as propagandas de papel higiênico. Bem macio e suave pra chuchu, aquela propaganda quis nos fazer rimar o chuchu com alguma outra coisa, que prefiro não mencionar. Será que é preciso fazer propaganda desse produto? É de primeira necessidade, a gente chega no supermercado e escolhe o de folha dupla, mas aquele que está em promoção, porque o dinheirinho é suado e sagrado. E tudo isso porque hoje é dia de pagar a fatura do meu cartão de crédito. Não irei ao banco sorrindo, não chegarei em um carrão reluzente, mas com toda a certeza pagarei a coisa em dia. O bom pagador vale por meia dúzia de maus pagadores. E tudo o que eu queria era um pãozinho com margarina, um dia ensolarado, um maridão que me olhasse apaixonado e não observasse meus cabelos desalinhados. Nada disso vende no shopping e nem no supermercado. Meu bolso agradece! Sonhar não custa nada...
2 comentários:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...Essas propagandas fazem a gente sonhar alto, não é amiga?! É tudo tão perfeito, só gente bonita, gente feliz, dentes mais que brancos e muita harmonia e serenidade. Ninguém coloca os olhos enormes e vermelhos, de quem passou a noite acordado por causa do bebê...isso a gente adquire de presente da vida e a gente paga que nem vê....kkk
Beijo amiga!
Glenda,
A vida não é linear, não é uma estradinha reta sem buracos e solavancos. Altos e baixos são a oportunidade pra nos despertar. Claro, nem todos aproveitam isso de um jeito positivo. Você é madura, talvez muito mais que eu com os meus declarados 49 anos...rs.. Muitas coisas que eu digo aqui, aprendi recentemente. Até outro dia eu queria fazer da minha vida uma propaganda de shampoo, de cereal matinal, de cruzeiro marítimo. Quando acordei, estava do outro lado da telinha e com o controle remoto nas mãos. Troquei o canal! rsss
Beijo, adoro seus comentários!
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