Por que minha cabeça não para de pensar? Eu gostaria de entreter-me com assuntos banais, ter prazer em simplesmente cozinhar, ou caminhar. Mas, justamente nesses momentos, os pensamentos aterrissam e me fazem mergulhar profundamente em mim.
Por que minhas preocupações não são fúteis, assim como considero fúteis as preocupações de alguns? Por que não vivo sem a pitada acentuada da responsabilidade com os demais, sem ter que me lançar no mar de adversidades para nadar contra as dificuldades diárias? Por que não passo por esta existência sem a missão de ser salva-vidas, salvar os demais? Sem ser comandante desta nau, a última a abandonar a embarcação? Por que tudo não pode ser normal, comum, com o controle remoto nas mãos, o teclado na ponta dos dedos, o mundo de faz de conta, ao invés da vida real?
Por que não posso preocupar-me com amigos virtuais apenas, com amores que delirei e nada mais, coisas comuns, que muita gente faz! Deixar que horas me carreguem imaginando o que irei vestir no final de semana, se engordei ou emagreci? Tentando adivinhar aquilo o que talvez imaginem a meu respeito, se irei à balada ou não, se ele me ama ou não, se vai chover ou se fará sol? Nada disso entra no cardápio agridoce dos meus dias, a vida pisa fundo e me chama para apagar incêndios descontrolados, para participar de dramas acentuados, para enxugar lágrimas alheias e esconder as minhas próprias lágrimas.
Vida densa assim, até o fundo, até o fim. Apanhando feito rocha que as ondas do mar moldam ao longo de séculos. Vida feita sob medida pra mim!
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