Não sei de onde vem essa minha vontade de rir de tudo. Risos que, via internet, expresso assim: KKKKKKK!!! Boba
da corte, assim eu sou, esta eu sou.
Recordo-me de tempos idos, quando minha mãe, entendedora de
física quântica e astronomia, filosofava longamente a respeito da quinta
dimensão, do infinito, e eu, noite adiantada e sonolenta, mudava o assunto e
comentava qualquer coisa banal. Puro balde de gelo, que cortava seu raciocínio
e a fazia rir ao meu lado. Creio, ela admirava minha capacidade de transformar qualquer tema em
palhaçada.
Diva Latívia, esta que assino, nasceu de parto normal, sem
dor, facilmente. Uma piadinha aqui, uma lembrança ali e “voilá”, eis-me aqui!
Um blog que brotou entre risos.
Quanto mais séria a situação, mais minha cabeça trabalha a favor
da piada. Seja o protagonista um sisudo professor, um motorista desastrado, um
parente afastado, ou o amor da minha vida. O mais recente personagem de minhas histórias está com tosse e seu nome
é Bono Latívio, assim chamado, realmente. Um cão! Enquanto digito palavras,
distraída, ele rói as minhas pantufas.
Quantos hoje se queixaram que o dia amanheceu frio e
nublado? E eu? Eu saí pelas ruas com meu guarda-chuva de bolinhas cor-de-rosa.
O pedreiro que trabalha em um edifício em construção, próximo à minha casa,
ensaiou um elogio: - Ô, gostosa! E eu? Evidentemente, ri. Gostosa, eu? 51 anos
de pura formosura, meu manequim saltou para o tamanho 44, comprei roupas novas
e agora a cintura começa a parecer apertada. Enfim, acho que um pintor
renascentista seria capaz de se apaixonar por mim à primeira vista.
Michelângelo, provavelmente, pintaria um afresco comigo enrolada em algum
paninho. Entre suspiros apaixonados, daria à obra um título divinal qualquer.
Eu, musa colossal, tanto quanto o tamanho do meu traseiro. Na falta de um
pintor renascentista, fui elogiada por um pintor de paredes. Nada mal!
Na volta pra casa, descobri que os dois elevadores do meu
prédio estavam parados, um problema de ordem técnica havia ocorrido e demoraria
duas horas para o conserto ser concluído. Precisei subir pela escadaria
exatamente dezesseis andares. Eu ria a cada novo andar, lembrando a música do “passo
do elefantinho”. Quando cheguei ao meu apartamento, sequer tinha forças para
abrir a porta. Bono Latívio veio me receber, feliz de tão contente. Divo
Latívio olhou-me estupefato. Eu estava suada, desconjuntada, carregava duas
sacolas de compras que fiz na quitanda. Eu, frutas, legumes e verduras chegamos
em casa sãos e salvos. O abacaxi e os
pés de alface puderam compreender o quanto foi divertido escalar tamanha
altura.
Rir é um antídoto poderoso contra vários males. Quem ri
espanta pra longe de si uma série de amarguras, maus pensamentos, problemas
diversos, e também afasta gente nociva, nefasta. E eu, que rio e faço rir, fiz
deste dia mais uma piadinha. Sexta-feira nublada, chuvosa, um tanto friazinha.
Bela sexta-feira, dia de desligar o computador, sair do escritório, alcançar a
rua, afrouxar a gravata, trocar o tailleur por roupas civis e se divertir,
descansar, celebrar a vida.
Escolhi rir. E você?
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