Quando eu era criança, apesar da insistência familiar para
que eu pronunciasse corretamente as palavras, havia um substantivo abstrato que
eu confundia. A palavra “destino” eu trocava pela palavra “intestino”. O meu
“intestino” deveria ser de conto de fadas. Não é à toa que o final de algumas
de minhas histórias nunca cheirou muito bem.
Intestino, quando solto, é uma tragédia, quando preso, uma
desgraça. Do primeiro beijo ao adeus, do Lactopurga ao Imosec, jamais pude
aceitar os reveses do “intestino”.
Até hoje, quando algo foge do meu controle, a barriga dói e
a fada madrinha desaparece. A carruagem se transforma em abóbora, mistérios
intestinais. Miséria do destino.
Não que a vida não cheire muito bem, mas é incrível a
estranha coincidência. Sorte (ou falta de), tudo no final se transforma em
texto, alguns escritos com batom em papel higiênico, emergência criativa.
Desídias, disenterias, pra isso não há purgante, ou
antidiarreico que resolva. Desculpem a história, veio de minhas entranhas: o
meu “intestino” não anda lá muito bem. Coisa do destino!
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