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Era madrugada quando despertei. Minha primeira atitude foi olhar para o alto. O rádio-relógio da casa dele projeta a hora no teto. Estiquei meu braço para o lado esquerdo da cama e ele não estava ali. Então, pude compreender: eu estava na minha casa. Minha cama ganhou dimensões imensas, tal e qual um latifúndio. Senti frio, muito frio. Virei para o outro lado, tentei me acomodar do jeito que pude. Embolei o travesseiro, puxei o edredom. O sono tinha fugido, restava somente a lembrança do que ocorreu na véspera.
Pela metade, liguei o abajur. Procurei em vão os meus óculos, pude encontrar o controle remoto da tv. Troquei os canais: canal de vendas, filme de terror, filme pornô, filme nacional, um jogo de futebol do campeonato europeu. Desliguei a tv. Resolvi ir até à cozinha, abri a geladeira tentando pensar. Peguei um copo de leite, aqueci e adocei, achei horrível, mas dizem que combate a insônia. Sentei-me à mesa e minhas lágrimas caíram sobre a toalhinha xadrez.
Voltei ao quarto, fui à janela e admirei a visão da pista do Aeroporto de Congonhas. Há quanto tempo não viajo? Uma vida árida, pálida. Não sei dizer onde guardei aquele catálogo da agência de viagens. Um sonho que engavetei. Olhei novamente pro relógio, quase 06h00. Decidi tomar um banho, me arrumar. Desci a escada, preparei meu café, consegui comer duas bolachinhas de água e sal e bebi meia xícara de café com leite.
07h00, fui trabalhar. Meus passos lentos, o pensamento tão perto e tão longe. O trânsito parado, aquela gente andando apressada. Ninguém olhava pro rosto de ninguém. A mulher sentada na calçada, mendiga, as mãos estendidas pedindo um trocado. O homem que estava fumando na porta da padaria. O carro que freou bruscamente. Os alunos do colégio com seu uniforme azul. E eu, com meus pensamentos, no meu universo, sem ter pra quem contar que meu peito era só tristeza! Quanta saudade de ser feliz!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
16 de nov. de 2010
MEUS PASSOS NA CALÇADA
Era madrugada quando despertei. Minha primeira atitude foi olhar para o alto. O rádio-relógio da casa dele projeta a hora no teto. Estiquei meu braço para o lado esquerdo da cama e ele não estava ali. Então, pude compreender: eu estava na minha casa. Minha cama ganhou dimensões imensas, tal e qual um latifúndio. Senti frio, muito frio. Virei para o outro lado, tentei me acomodar do jeito que pude. Embolei o travesseiro, puxei o edredom. O sono tinha fugido, restava somente a lembrança do que ocorreu na véspera.
Pela metade, liguei o abajur. Procurei em vão os meus óculos, pude encontrar o controle remoto da tv. Troquei os canais: canal de vendas, filme de terror, filme pornô, filme nacional, um jogo de futebol do campeonato europeu. Desliguei a tv. Resolvi ir até à cozinha, abri a geladeira tentando pensar. Peguei um copo de leite, aqueci e adocei, achei horrível, mas dizem que combate a insônia. Sentei-me à mesa e minhas lágrimas caíram sobre a toalhinha xadrez.
Voltei ao quarto, fui à janela e admirei a visão da pista do Aeroporto de Congonhas. Há quanto tempo não viajo? Uma vida árida, pálida. Não sei dizer onde guardei aquele catálogo da agência de viagens. Um sonho que engavetei. Olhei novamente pro relógio, quase 06h00. Decidi tomar um banho, me arrumar. Desci a escada, preparei meu café, consegui comer duas bolachinhas de água e sal e bebi meia xícara de café com leite.
07h00, fui trabalhar. Meus passos lentos, o pensamento tão perto e tão longe. O trânsito parado, aquela gente andando apressada. Ninguém olhava pro rosto de ninguém. A mulher sentada na calçada, mendiga, as mãos estendidas pedindo um trocado. O homem que estava fumando na porta da padaria. O carro que freou bruscamente. Os alunos do colégio com seu uniforme azul. E eu, com meus pensamentos, no meu universo, sem ter pra quem contar que meu peito era só tristeza! Quanta saudade de ser feliz!
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2 comentários:
Vc me comoveu..qto vazio!
Adélia
Oi, Adélia!
Obrigada pelo comentário. Não sei dizer o que vai na alma de quem escreve, compõe, deixa pro mundo uma obra literária, poética... Mas, no meu caso, quando escrevo algo procuro retratar algum momento que reconheço. Pode ser alegre, triste, ficção ou realidade. Não ando muito bem, quem acompanha meus dois blogs sabe que estou atravessando um momento muito, mas muito difícil. Meu irmão está doente, teve um diagnóstico de câncer. Sou irmãzona, protetora, meio mãe pros meus irmãos. Daí o estado sombrio de alma. O que posso agora fazer? Trocar o canal. Você e meus leitores vão ler textos engraçados nas próximas semanas. Um antídoto pra esse mal que me assola.
Beijo
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