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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







2 de abr. de 2012

COELHINHO DA PÁSCOA, O QUE TRAZES PRA MIM?


Resolvi aproveitar o horário do almoço para buscar a encomenda que fiz ao Coelhinho da Páscoa: ovos de chocolate para uma lista imensa de sobrinhos. Assim que cheguei à loja, senti total desânimo. Assim estava escrito: TOCA DO COELHINHO. Bonitinho, certo? Mas, a quantidade de gente dentro da loja, isso somado às filas imensas nos caixas, era digno de desistir da Páscoa e ir direto ao Natal. Querido tempo:  pule essa parte e vamos logo “pros finalmente”!
Apressada, a agenda lotada de compromissos, não tive saída: entrei na loja e encarei a multidão de consumidores ávidos por esse delicioso presente pascal. Aliás, quem não gosta de chocolate?
Conseguir um carrinho de compras foi a primeira tarefa dessa gincana-chocólatra. Assim que vi um deles sobrando, apressei os passinhos e, praticamente, o agarrei. Uma fração de segundo antes de uma senhora gorda que me olhou de modo pouco simpático.
Subi a rampa da loja até o primeiro andar. Naquele setor, o céu parecia salpicado de ovos de Páscoa coloridos, todos pendurados a mais de três metros de altura. Cena bonita de assistir. Foi dada a largada para a segunda  tarefa da gincana. Alcançar os ovinhos era impossível, ainda que eu me esticasse na pontinha dos pés e desse uns pulinhos. Cadê você, meu São Longuinho? Na  falta de ajuda de algum funcionário ( todos ocupadíssimos), eu me estiquei e... créc. Estalou algo, achei que dentro de mim.  Não foi o pescoço, nem foi a coluna. O que estalou foi o fecho do meu sutiã, que abriu. Sem saber exatamente o que fazer, pendurei minha bolsa no pescoço, deixando-a sobre o meu abdome. Tudo bem, eu fiquei parecendo a mamãe-canguru: ridícula. 
Vi passar uma vendedora, praticamente supliquei: - Moça, por favor, me ajude!  A escolha dos ovos de Páscoa desobedeceu a listinha que eu tinha levado. Nada de ovo de time de futebol pra um, ovo com brinquedinho pra outro. Foi tudo igual, da mesma marca, do jeito que foi possível.  Sinto muito se os meninos vão ganhar ovos de Páscoa da Barbie.  Saí da loja carregando duas caixas de papelão. Bom demais pra disfarçar os peitos livres, leves e soltos.
Quando cheguei à portaria do prédio onde moro, as mãos carregadas,  começou a terceira parte da gincana do chocolate: empurrei a portão da entrada com o pé, mas logo atrás de mim vinha um casal idoso. Precisei segurar o portão com o traseiro, esperar que eles caminhassem lentamente e passassem por mim. Sorriram e agradeceram. O mesmo  ocorreu no elevador,  onde ficaram me olhando como quem depois, em casa, iriam tirar o maior sarro da minha cara: “HAHAHA, aquela loira estava com o sutiã arrebentado”.
Assim que entrei em casa, passei pelo espelho da sala e pude observar minha figura patética. O sutiã todo danado e o zíper da calça totalmente aberto. Difícil explicar a Divo Latívio que os ovos de Páscoa não foram o álibi que usei para ocultar alguma molecagem que eu tinha aprontado.  Não tenho culpa se penduraram os ovos tão altos, a ponto de eu me desgraçar daquela forma.  Divo continua cismado, mas o culpado é o Coelhinho da Páscoa, foi ele quem me deixou naquele estado. Juro!

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