Resolvi aproveitar o horário do almoço para buscar a
encomenda que fiz ao Coelhinho da Páscoa: ovos de chocolate para uma lista
imensa de sobrinhos. Assim que cheguei à loja, senti total desânimo. Assim
estava escrito: TOCA DO COELHINHO. Bonitinho, certo? Mas, a quantidade de gente
dentro da loja, isso somado às filas imensas nos caixas, era digno de desistir
da Páscoa e ir direto ao Natal. Querido tempo:
pule essa parte e vamos logo “pros finalmente”!
Apressada, a agenda lotada de compromissos, não tive saída:
entrei na loja e encarei a multidão de consumidores ávidos por esse delicioso
presente pascal. Aliás, quem não gosta de chocolate?
Conseguir um carrinho de compras foi a primeira tarefa dessa
gincana-chocólatra. Assim que vi um deles sobrando, apressei os passinhos e,
praticamente, o agarrei. Uma fração de segundo antes de uma senhora gorda que
me olhou de modo pouco simpático.
Subi a rampa da loja até o primeiro andar. Naquele setor, o
céu parecia salpicado de ovos de Páscoa coloridos, todos pendurados a mais de
três metros de altura. Cena bonita de assistir. Foi dada a largada para a
segunda tarefa da gincana. Alcançar os
ovinhos era impossível, ainda que eu me esticasse na pontinha dos pés e desse
uns pulinhos. Cadê você, meu São Longuinho? Na falta de ajuda de algum funcionário ( todos
ocupadíssimos), eu me estiquei e... créc. Estalou algo, achei que dentro de mim. Não foi o pescoço, nem foi a coluna. O que
estalou foi o fecho do meu sutiã, que abriu. Sem saber exatamente o que fazer,
pendurei minha bolsa no pescoço, deixando-a sobre o meu abdome. Tudo bem, eu fiquei
parecendo a mamãe-canguru: ridícula.
Vi passar uma vendedora, praticamente supliquei: - Moça, por
favor, me ajude! A escolha dos ovos de
Páscoa desobedeceu a listinha que eu tinha levado. Nada de ovo de time de
futebol pra um, ovo com brinquedinho pra outro. Foi tudo igual, da mesma marca,
do jeito que foi possível. Sinto muito
se os meninos vão ganhar ovos de Páscoa da Barbie. Saí da loja carregando duas caixas de
papelão. Bom demais pra disfarçar os peitos livres, leves e soltos.
Quando cheguei à portaria do prédio onde moro, as mãos
carregadas, começou a terceira parte da
gincana do chocolate: empurrei a portão da entrada com o pé, mas logo atrás de
mim vinha um casal idoso. Precisei segurar o portão com o traseiro, esperar que
eles caminhassem lentamente e passassem por mim. Sorriram e agradeceram. O
mesmo ocorreu no elevador, onde ficaram me olhando como quem depois, em
casa, iriam tirar o maior sarro da minha cara: “HAHAHA, aquela loira estava com
o sutiã arrebentado”.
Assim que entrei em casa, passei pelo espelho da sala e pude
observar minha figura patética. O sutiã todo danado e o zíper da calça
totalmente aberto. Difícil explicar a Divo Latívio que os ovos de Páscoa não
foram o álibi que usei para ocultar alguma molecagem que eu tinha aprontado. Não tenho culpa se penduraram os ovos tão
altos, a ponto de eu me desgraçar daquela forma. Divo continua cismado, mas o culpado é o
Coelhinho da Páscoa, foi ele quem me deixou naquele estado. Juro!
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