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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







24 de jul. de 2010

Aos meus leitores:

Há um ano enviei o primeiro texto para o blog Janela das Loucas. Assim nasceu Diva Latívia. Hoje, vocês já sabem: é o primeiro aniversário do Janela e não haverá festa, afinal o Abilio Manoel - Abilinho, meu irmão de alma e criador do blog - faleceu. Segue aqui para vocês o meu primeiro texto. Depois deste eu escrevi mais de 200, publicados no Janela das Loucas.
Diva Latívia




GRAÇAS A DEUS, EU SOU DAS LOUCAS!




Com a missão de debruçar meus cotovelos nesta janela de maravilhosos insanos, trouxe a história do final do meu namoro com José Raylton, moço de bem, acima do peso, desempregado, morando de favor na casa do sobrinho, recém-chegado dos USA onde era imigrante ilegal.
Tudo começou em janeiro de 2009. Cadastrada em um site famoso de relacionamentos, encontrei José Raylton sorrindo em uma foto, usando gorrinho de lã, cachecol e jaqueta. Lindinha a foto. Procurava "a última". Ainda, dizia assim: " acredito que no amor somos feitos um para o outro, um pra um". E exigia algo um tanto esquisito pra mim: "não fume".
Nesse momento, lembro bem, quase engasguei com a fumaça do cigarro. Ri sozinha lendo aquilo e decidi enviar uma mensagem para raylton46: - "Olá, muito prazer, acredito que aquela que você procura fuma!". A resposta veio um dia depois, muito bem humorada, mas frisando que não suportava cigarro.
Começamos a conversar via MSN. Diariamente. Marcamos um encontro em um shopping center da zona sul de São Paulo. Chegou atrasado, ficou sem graça quando me viu pessoalmente e aquela timidez despertou em mim a cegueira da paixão. Algo digno de fotonovela em preto e branco da revista Grande Hotel ( se você não sabe que revista era, não perdeu nada!). Assim, começamos a namorar, com direito a passarmos juntos todos os finais de semana, trocarmos juras de amor diárias por mensagens de texto do celular, e-mails, sinais de fumaça, enfim, todos os meios de comunicação possíveis. Fui apresentada à família dele, as mulheres todas morenas com os cabelos tingidos de loiro. Ele foi apresentado à minha família, que espremeu-se e contorceu-se pra não ser irônica e rir da situação.
José Raylton, cansado de andar a pé, comprou o Fiat ano 92 de minha mãe. Cano de escapamento furado, banco quebrado, mas tudo bem, lá ia eu passear de carro velho, porque como diz a música: "amar a pé é lenha!"
Viajamos diversas vezes juntos, José Raylton, pobrezinho, sem dinheiro, eu pagava a hospedagem, a gasolina, o almoço, o jantar, a roupinha linda que ele via na vitrine da loja. Até ceroula comprei pra ver José Raylton de roupa de baixo agarradinha. De nada adiantava amigos, parentes, loucos da janela me dizerem: "menina, cuidado, José Raylton está abusando de sua bondade". O amor é cego, surdo, mudo e não tem neurônios. O namoro durou quase seis meses.
Viajamos mais uma vez às custas do meu patrocínio e José Raylton, parece, comeu algo que não fez bem a ele. Espero que não tenha sido eu. O cheiro era de peixe podre, ninguém podia entrar no banheiro. Quando voltamos, ele abatido, barbudo e olhar perdido me disse que cansou, acabou, não queria mais namorar. Que há muito queria me dizer adeus, mas agora tinha conseguido encontrar as palavras certas pra se despedir. Enlouqueci, gritei, pulei, xinguei, corri atrás. Mas nada trouxe de volta o namorado ingrato. Imagino, com a diarreia eliminou mais que fezes e gases, devo ter sido literalmente... como dizer??? defecada???
Agora, toda vez que lembro desse homem penso no cheiro da situação.Hoje, revoltada com as contas que vão chegando, fui até à casa do rapaz acompanhada de um amigo. Lá, peguei uma sacolinha com uns cds e nada mais. E quem vejo na porta da garagem do prédio, amarelinho, barbudinho? Ele, José Raylton. Mostrei o dedo do meio e vim embora pra casa. Cheguei aqui, liguei o computador e vi as fotos do tempo de namoro, fui deletando uma a uma... Resta saber o que fazer com as lembranças. Nosso cérebro deveria ter 3 teclinhas: alt+ctrl+del

2 comentários:

Isis disse...

Adorei o texto, e como existe José Raylton por ai...rsrsrs
Concordo com vc...nosso cérebro deveria ter essas teclinhas....por favor, alguém apareça com elas.....seria espetacular !!!

Parabéns pelo texto!!
Beijos

Anônimo disse...

Aqui os aplausos de um leitor que te admira. Faço votos que o personagem Raylton seja mera ficção, afinal uma mulher linda e inteligente merece alguém mais à sua altura, tipo eu hehehe! Tá bom demais, foi o primeiro e depois deste vieram outros textos muito bons.
Bjk