
O despertador tocou. Tocou? Não sei dizer. Quando olhei pro rádio-relógio notei que os números iluminados piscavam e piscavam. O sono era tamanho que caí em tentação, virei pro outro lado e dormi mais um pouquinho. Acordei muito depois. Ainda deitada na cama tentei lembrar meu nome. Depois, lembrei que não era sábado, não era domingo e nem era feriado. Comecei a falar sozinha:
- "Hoje é quarta-feira. De qual mês? Ah, sim, julho. 2010, certo? Certo. Meu nome é Diva e estou no século 21. Maravi...lha... Ohhhhhhhh! A reunião!!! Que horas são?!".
Meu cérebro ainda estava meio-adormecido. Entendi que faltou energia elétrica, por isso não fui despertada pela geringonça eletrônica. Saí da cama o mais depressa que pude. Topei o dedinho quando fiz a curva a caminho da porta do quarto. Falei uns nomes impublicáveis e segui mancando até o banheiro. Achei meus óculos de grau, isso após rodar a casa toda procurando.
Quis chorar quando descobri que eram 09h38. Tomei banho às pressas, vesti a primeira roupa que encontrei e não tomei café da manhã. Lembrei que precisava recolher o lixo da cozinha. Quando passei correndo pela portaria do meu prédio, Simplício, o porteiro, esticou-se meio pra fora da guarita e com um arzinho sacana disse: - “Oi, dona Diva. A senhora tá indo trabalhar de chinelo?”. Olhei para os meus pés: eu de tailleur e pantufinha cor-de-rosa.
Agora, no escritório, recomposta e com meu scarpin salto 10, escrevo este texto. Hoje, quarta-feira, julho de 2010. Meu nome é Diva Latívia e estaria tudo bem, não fosse eu, na pressa, ter trazido o lixinho da cozinha pro trabalho. Inveja de Julieta que despertava ao som da cotovia. Cotovia não precisa de bateria, nem de energia elétrica. Eis meu mais novo sonho de consumo!
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