Assistir ao noticiário televisivo, ler notícias nos jornais,
na internet, ouvi-las no rádio. Isso se tornou, pra mim, uma espécie de
sacrifício que exige resistência emocional e até física. Meu estômago tem dado
voltas e mais voltas, especialmente quando o tema é a falta de consciência, de
respeito ao próximo, quando a origem da questão é o desamor. Difícil recebermos uma notícia animadora,
positiva. O desvio de dinheiro público, políticos que prometem o que jamais
irão cumprir, acidentes trágicos, crimes diversos, injustiças muitas. A miséria,
a fome, a dor. Onde encontrar a solução pra tamanho caos em nossa sociedade?Se
cada um é responsável pelo resultado que temos agora, então eu tenho minha
parcela de culpa em tudo isso. E você, leitor, leitora, infelizmente também é
parcialmente responsável, afinal sua arma é o VOTO.
Outro dia, estava saindo de
uma agência bancária aqui, na minha cidade. Uma senhora idosa, idade aproximada
de minha avó, caiu em um buraco na calçada, deixado por trabalhadores da
companhia de água e esgoto. Um serviço que estava em andamento, de modo
desleixado, lerdo e mal feito ( pra variar). Ferida, foi auxiliada por mim e outros
transeuntes. E eu pensei no mundo que só
piora, ao invés de melhorar. O que custava a aqueles trabalhadores terem
deixado o entulho da obra encostado em um cantinho da calçada, colocado um
alerta para orientar os pedestres? Falta de treinamento, talvez. Mas, acima de
tudo, falta de consciência e civilidade. Desde o gesto simples de quem atira um
papel no chão da rua, até atravessar o semáforo fechado, isso tudo é total
falta de respeito ao próximo. Quantas situações ruins podem ser evitadas, desde
que cada um de nós respeite normas simples de convivência?
Perto de minha casa
funciona um estabelecimento comercial clandestino, um bar. Nesse recinto,
durante as noites dos finais de semana e feriados, comparecem conjuntos
musicais e são muitos os frequentadores do local. Barulho que começa às 19h00 e
segue até a madrugada. O volume do som, bem como o volume da cantoria, dos risos, gritos e brigas dos frequentadores, tudo isso impede o descanso daqueles que residem nas
imediações desse bar. Resolvi denunciar o estabelecimento à prefeitura do meu
município. Surpresa! Para denunciar ao “Psiu”, ou Programa de Silêncio Urbano,
teria eu que me identificar, com nome, RG, telefone, endereço. E, para
completar, esse comerciante irregular saberia quem sou. A medição do
desrespeitoso ruído seria feito a partir de minha casa. E eu estaria à mercê da
ira de alguém que, a princípio, é um péssimo cidadão, alguém que não recolhe
impostos por ser clandestino, alguém que não se importa com a coletividade e
que, talvez, poderia querer vingar-se de mim e de minha família. Essa denúncia não pode ser feita
anonimamente, isso antigamente era feito de modo anônimo, mas foi modificado. É preciso dizer que essa mudança de regra favorece a um grupo reduzido, trata-se de uma jogada que beneficia meia-dúzia de interessados?
Tentei resolver isso falando com outros moradores, com vizinhos,
mas o medo de ser identificado é geral. É o mal vencendo o bem. Ser correto,
ser honesto é o mesmo que ser um “babaca”, sou exemplo disso. Para dormir, tenho usado protetores de ouvido,
aquelas bolinhas de silicone acopladas às orelhas. Incômodo, muito! Ando
cansada, as noites têm sido mal dormidas. E, enquanto isso, nós, os cidadãos do
bem, acordamos cedo para trabalhar e pagar os nossos impostos. Por essas e
outras, as notícias têm chegado aos meus sentidos de modo agressivo. Em quem confiar, se as leis são feitas sob
medida para proteger quem trabalha de modo irregular, quem infringe leis e normas
básicas de convivência? Farta da falta
de respeito, da falta de punidade, da falta de humanidade. Eu, cidadã,
refletirei muito antes de votar neste, ou naquele candidato à Prefeitura e à
Câmara Municipal de São Paulo. O meu voto será para quem demonstrar seriedade e
capacidade de mudar minha cidade para melhor. Se esse candidato não existir,
meu voto será NULO. Sim, leitor,
leitora, amanheci mal-humorada. A noite foi longa, ao ritmo de pagode, axé e
música sertaneja. Ritmos que respeito, sem preconceito. Para dormir, mereço o
silêncio. Eu mereço e você, que dá um duro danado todos os dias, merece também! E se a Prefeitura do Município de São Paulo dispuser-se a resolver a questão, basta entrar em contato comigo, que ANONIMAMENTE denunciarei o estabelecimento infrator. Leitores, sabem quando eles vão se preocupar comigo, ou com tudo isso? Isso faz-me rir, infelizmente.
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/zeladoria/psiu/index.php?p=8831
Nenhum comentário:
Postar um comentário