
Desde o dia que estreei minhas botas de salto altíssimo que eu não sentia tanta dor nos pés. Caminhamos durante mais de três horas pelos corredores daquela imensa loja de materiais de construção. A ideia inicial era comprar uma nova torneira pro banheiro dele.
Quando ele pegou o carrinho de compras imenso, maior que aquele do hipermercado, suspirei resignada. Mais de meia hora pra escolher um escorredor de pratos, precisei me conter pra não aplaudir a escolha – péssima, por sinal – de um kit que continha escorredor, rodinho de pia e porta-detergente. Comprou capacho pra porta de entrada, lâmpada pra cozinha, escada de três degraus, tábua de passar roupas. Meus pés pediam socorro. Quando passamos pelo setor de jardinagem, não pude resistir. Sentei em um banco de jardim com os seguintes dizeres “ proibido sentar”.
Comecei a observar os itens ali expostos: vasos, sementes, terra, adubo, folhagens. Encontrei uma plaquinha, aquelas bonitinhas de fincar no gramado. Assim estava escrito: “A felicidade reside nas pequenas coisas”. Enquanto isso, ele continuou as compras e, compreensivo, me deixou ali sentada e na espera.
Nesse dia ganhei de presente quatro pacotinhos de sementes, pra que eu começasse a minha horta no fundo do quintal: alface, manjericão, salsinha e alho-poró. Hoje amanheceu um belo dia e notei que a alface brotou, pra alegria dos sabiás que a todo instante pousam na jardineira. Creio, em breve terei uma saladinha sem agrotóxicos, adubada com titica de passarinho. E tem coisa melhor?
Um dia após o outro. Plantando e colhendo. Assim é a vida, assim é o amor.
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