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Miopia combina com lentes de contato. Ah, quem me dera poder usar lentes de contato! Porém, alérgica até demais, preciso usar óculos de grau. Imagine, sou tão vaidosa! Óculos me deixam parecida com uma professora de literatura. Séria, ar de intelectual. Ouso dizer: parecida com a minha mãe.
Naquela manhã acordei com o estado da alma totalmente alterado. O melhor antídoto que conheço pra baixo astral é produzir-me da cabeça aos pés. Reuni forças, tentei captar uma onda energética mais positiva. Abri o guarda-roupa e escolhi um jeans apertadinho, camisetinha justa, sandália de salto alto. Peguei minha bolsa, coloquei meus óculos de sol. Não, eles não são de grau.
Fui a pé caminhar, minha visão totalmente limitada, mas eu apenas precisava do sol, do ar. Não queria ver, apenas queria sentir o dia entrar em meus poros. Parei na quitanda, comprei algumas frutas, depois deixei uma blusa na lavanderia.
No caminho de volta, vi aquele carro cor de prata, tão parecido com o dele. Diminuiu a velocidade e estacionou ao meu lado. Tirei os óculos de sol, caprichei no sorriso e balbuciei “bom dia”. Nem raciocinei, o que ele poderia estar fazendo ali, em dia útil e horário comercial?
O motorista, todo animado, desceu do veículo. Foi então que pude perceber: não era ele! Era um total estranho, um sujeito que me viu passando e deve ter apreciado a divina estampa desta blogueira eventual.
Apertei os olhos, tentando visualizar a criatura. Baixinho, gordinho, feinho, velhinho e atrevido. O gesto foi espelhado, também tirou os óculos escuros e encostou-se ao estilo propaganda de Marlboro na lataria do carro. – Quer uma carona?
Há quantos anos eu não paquero assim, na rua? Nem sei. Porém, estava totalmente fora de questão paquerar aquele tiozinho fora de forma e abaixo do meu padrão “anfíbio” de qualidade.
Toda vez que estou em uma situação embaraçosa começo a rir. Precisei apressar meus passos, saí o mais depressa que pude e gargalhando. Foi então que reparei, na pracinha tem o ponto de táxi, motoristas que me conhecem e também à minha família há mais de vinte anos. Os nobres trabalhadores foram a platéia daquela cena. Agarrei-me à sacola de compras e tentei me recompor.
- "Bom dia Dona Diva!". Um coro divertido, de quem praticamente ganhou o dia com a cena que protagonizei. Tentei disfarçar, mas imagino que agora eu sou “Diva, a conquistadora da pracinha”. Aliás, telefonei pro oftalmologista, a minha cegueira já virou piada, assim não dá!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
27 de ago. de 2010
UM PALMO ADIANTE DO NARIZ
Miopia combina com lentes de contato. Ah, quem me dera poder usar lentes de contato! Porém, alérgica até demais, preciso usar óculos de grau. Imagine, sou tão vaidosa! Óculos me deixam parecida com uma professora de literatura. Séria, ar de intelectual. Ouso dizer: parecida com a minha mãe.
Naquela manhã acordei com o estado da alma totalmente alterado. O melhor antídoto que conheço pra baixo astral é produzir-me da cabeça aos pés. Reuni forças, tentei captar uma onda energética mais positiva. Abri o guarda-roupa e escolhi um jeans apertadinho, camisetinha justa, sandália de salto alto. Peguei minha bolsa, coloquei meus óculos de sol. Não, eles não são de grau.
Fui a pé caminhar, minha visão totalmente limitada, mas eu apenas precisava do sol, do ar. Não queria ver, apenas queria sentir o dia entrar em meus poros. Parei na quitanda, comprei algumas frutas, depois deixei uma blusa na lavanderia.
No caminho de volta, vi aquele carro cor de prata, tão parecido com o dele. Diminuiu a velocidade e estacionou ao meu lado. Tirei os óculos de sol, caprichei no sorriso e balbuciei “bom dia”. Nem raciocinei, o que ele poderia estar fazendo ali, em dia útil e horário comercial?
O motorista, todo animado, desceu do veículo. Foi então que pude perceber: não era ele! Era um total estranho, um sujeito que me viu passando e deve ter apreciado a divina estampa desta blogueira eventual.
Apertei os olhos, tentando visualizar a criatura. Baixinho, gordinho, feinho, velhinho e atrevido. O gesto foi espelhado, também tirou os óculos escuros e encostou-se ao estilo propaganda de Marlboro na lataria do carro. – Quer uma carona?
Há quantos anos eu não paquero assim, na rua? Nem sei. Porém, estava totalmente fora de questão paquerar aquele tiozinho fora de forma e abaixo do meu padrão “anfíbio” de qualidade.
Toda vez que estou em uma situação embaraçosa começo a rir. Precisei apressar meus passos, saí o mais depressa que pude e gargalhando. Foi então que reparei, na pracinha tem o ponto de táxi, motoristas que me conhecem e também à minha família há mais de vinte anos. Os nobres trabalhadores foram a platéia daquela cena. Agarrei-me à sacola de compras e tentei me recompor.
- "Bom dia Dona Diva!". Um coro divertido, de quem praticamente ganhou o dia com a cena que protagonizei. Tentei disfarçar, mas imagino que agora eu sou “Diva, a conquistadora da pracinha”. Aliás, telefonei pro oftalmologista, a minha cegueira já virou piada, assim não dá!
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