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O dia foi uma loucura. A correria contra os segundos do relógio parecia interminável. Pra complicar, o trânsito não ajudava. Assim que terminei os mil afazeres, algo que parecia uma gincana com diversas tarefas cronometradas milimetricamente, consegui chegar ao supermercado. Tentei seguir a listinha que fiz, anotada em papel cor-de-rosa. Carrinho de compras lotado, a sacolinha retornável abarrotada, rumei pra minha casa. Suspirei exausta. Guardei todos os itens, um a um, em armários, prateleiras, gavetas, geladeira. Decidi tomar um banho, lavar os cabelos. Já debaixo do chuveiro, percebi que havia esquecido de pegar o shampoo, que tinha acabado de comprar. Sob esse frio que tem assolado minha cidade, enrolada em uma toalha, fui até meu quarto. O shampoo não estava no lugar de sempre. Fui então até o outro quarto, também não estava lá. Cabelos escorrendo água, observei minhas mãos: roxas de frio. Fiz uma espécie de excursão pela casa: área de serviço, cozinha, sala. Nada do shampoo. Será que eu teria que lavar meus cabelos com sabonete? Meus cabelos ficariam parecidos com os do Sivuca, aquele cantor de cabelinhos arrepiados. Vontade de chorar. Será que havia esquecido o shampoo no porta-malas do carro? Sequei os cabelos com secador, pra tirar o excesso de água. O resultado foi terrível,meus cabelos pareciam ter sido lambidos por uma vaca: emplastrados. Vesti uma roupa quentinha, por cima de tudo um casaco. Desci até à garagem. Abri o porta-malas do carro. Nada do shampoo. Olhei o chão do carro, os bancos. Nada! Que raiva senti! Voltei pro apartamento. Sentei desgostosa na sala. Olhei atrás do sofá, sobre a mesa da sala de jantar, debaixo das cadeiras. Nada, nada, nada. Por fim, resolvi deixar os cabelos pra depois, quem sabe meu cabeleireiro, Faustino, pudesse resolver esse estrago no dia seguinte? Adormeci tentando lembrar, passo a passo, o que fiz. Onde estaria o shampoo? Acusava na notinha do supermercado que, realmente, eu o comprei. Teria caído pelo trajeto?
Dois dias mais tarde, resolvi preparar uma sopinha, pra me aquecer do frio. Batatas, cenoura, couve. Quando decidi pegar cheiro-verde, guardado na gavetinha debaixo da geladeira, quem foi que encontrei? Sim, ele: o shampoo. Como foi parar ali? Não me pergunte isso. Não sei!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
5 de ago. de 2011
DIVA, A DESLIGADA!
O dia foi uma loucura. A correria contra os segundos do relógio parecia interminável. Pra complicar, o trânsito não ajudava. Assim que terminei os mil afazeres, algo que parecia uma gincana com diversas tarefas cronometradas milimetricamente, consegui chegar ao supermercado. Tentei seguir a listinha que fiz, anotada em papel cor-de-rosa. Carrinho de compras lotado, a sacolinha retornável abarrotada, rumei pra minha casa. Suspirei exausta. Guardei todos os itens, um a um, em armários, prateleiras, gavetas, geladeira. Decidi tomar um banho, lavar os cabelos. Já debaixo do chuveiro, percebi que havia esquecido de pegar o shampoo, que tinha acabado de comprar. Sob esse frio que tem assolado minha cidade, enrolada em uma toalha, fui até meu quarto. O shampoo não estava no lugar de sempre. Fui então até o outro quarto, também não estava lá. Cabelos escorrendo água, observei minhas mãos: roxas de frio. Fiz uma espécie de excursão pela casa: área de serviço, cozinha, sala. Nada do shampoo. Será que eu teria que lavar meus cabelos com sabonete? Meus cabelos ficariam parecidos com os do Sivuca, aquele cantor de cabelinhos arrepiados. Vontade de chorar. Será que havia esquecido o shampoo no porta-malas do carro? Sequei os cabelos com secador, pra tirar o excesso de água. O resultado foi terrível,meus cabelos pareciam ter sido lambidos por uma vaca: emplastrados. Vesti uma roupa quentinha, por cima de tudo um casaco. Desci até à garagem. Abri o porta-malas do carro. Nada do shampoo. Olhei o chão do carro, os bancos. Nada! Que raiva senti! Voltei pro apartamento. Sentei desgostosa na sala. Olhei atrás do sofá, sobre a mesa da sala de jantar, debaixo das cadeiras. Nada, nada, nada. Por fim, resolvi deixar os cabelos pra depois, quem sabe meu cabeleireiro, Faustino, pudesse resolver esse estrago no dia seguinte? Adormeci tentando lembrar, passo a passo, o que fiz. Onde estaria o shampoo? Acusava na notinha do supermercado que, realmente, eu o comprei. Teria caído pelo trajeto?
Dois dias mais tarde, resolvi preparar uma sopinha, pra me aquecer do frio. Batatas, cenoura, couve. Quando decidi pegar cheiro-verde, guardado na gavetinha debaixo da geladeira, quem foi que encontrei? Sim, ele: o shampoo. Como foi parar ali? Não me pergunte isso. Não sei!
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