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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







18 de ago. de 2011

TRAIÇÃO, DOR E SUPERAÇÃO


Se há algo que faz qualquer um sair do sério é a traição. Traição entre namorados, entre casados. Creio que, pra isso, não existe uma regra a ser seguida, senão aquilo o que o próprio casal estipula como regra dentro do relacionamento. Mais liberais, menos liberais, o que vale é ser feliz e viver em paz, sem ultrapassar os limites que a dupla considera ideal.
Existe um tipo de traição que, apesar de não ser convencional, tornou-se comum: a traição virtual. Sites de namoro, Orkut, Facebook, Skype, MSN, Badoo e etc. Por ali muitos amigos, mas a porta sempre aberta para a livre escolha: direita ou esquerda, certo ou errado? Depende de cada um ou, como se diz por aí: problema de cada um.
A oferta de gente para relacionar-se, seja de modo casual ou sério, é extensa. Ainda que não seja feita uma listinha de espera, afinal gente não é assento de avião, quase todo mundo sabe que tem uma segunda opção, alguém à disposição para o caso de ver-se sozinho, ou sozinha, no dia de amanhã. E é aí que passeia o perigo: a segunda opção. Há alguns anos escutei algo interessante a respeito desse coringa escondido na manga: é a batatinha frita, aquela coisa gostosa que sempre acompanha o seu lanche e, em caso de emergência, pode ser comida a qualquer hora, rapidinho, sem deixar muitos traços. Enfim, eis a figura do outro, da outra. Como se dizia nos tempos do guaraná com tampa de rolha: o amante, a amante.
Será que o ser humano consegue, sem sofrimento, sem mutilar-se, ser fiel? Ser exclusivo e oferecer exclusividade, sem ao menos dar uma só puladinha de cerca, ainda que de modo virtual, será isso possível? Tão fácil ser infiel, está ao alcance de um clique no computador, de um toque no celular, de uma olhadinha pra quem está ao seu lado. Não ser flagrado é simples também, basta não deixar muitas pistas. Resta a consciência. Se não houver peso extra, senão aquele deixado sobre a cabeça do parceiro ou parceira, nem haverá com o que se preocupar.
As agências de detetives particulares oferecem um serviço que, em curto ou médio prazo, costuma elucidar dúvidas angustiantes. Legal ou ilegalmente, afinal o quesito privacidade está em xeque quando o assunto é o sentimento do ser traído, bisbilhotam senhas do computador, seguem o alvo por ruas durante dias, talvez meses. Esperam nessa espreita discretíssima um deslize que será fotografado, filmado, gravado e entregue ao cliente, com um relatório minucioso passo a passo. É o flagra!
Sou da seguinte opinião: quem acha que está sendo traído, está sendo mesmo traído. Traído por sua desconfiança. Abriu-se uma fenda no relacionamento, há a insegurança. Perguntar na lata: você está me traindo? Isso costuma terminar em discussões desgastantes, em brigas, em mágoas. Dificilmente alguém vai responder que sim. Observar mudanças comportamentais leva tempo. Mudança de hábitos, excesso de vaidade, desculpas que incluem viagens de trabalho, reunião de negócios. Telefonemas que não são atendidos, celular desligado, Orkut ou Facebook com o conteúdo fechado pro parceiro ou parceira. Apenas indícios que, por si só, nada significam, mas deixam a pulga atrás da orelha.
A sombra de traições ocorridas no passado, com o mesmo par ou com pares anteriores, isso deixa a criatura mais vulnerável, menos confiante. Uma vez traído, uma vez traída, parece que pro resto da vida fica uma marca, uma cicatriz no coração da vítima. Qualquer esbarrão nessa ferida e ela abre novamente, não importa se quem te feriu já foi embora.
É possível ser fiel sem fazer sacrifícios, sem abrir mão do que é bom na vida? Sim. Ser fiel é questão de escolha, uma escolha livre, que não precisa ser cobrada, exigida. É algo natural. Não acontece sempre, porque tem gente que simplesmente não consegue ser fiel a par algum. Alguns homens, principalmente, têm esse tipo de dificuldade.
Uma vez descoberta a traição a dor é lancinante. Raiva, desespero, sentimento de perda, revolta. Isso tudo vem à tona feito um tsunami emocional. Separar-se ou não, dar o troco ou não? Eu sou adepta do adeus, melhor seguir adiante e tentar a sorte com alguém mais leal, menos complicado.
Traição virtual é traição? Sim, claro que sim. Uma simples escapadinha, isso é traição? Sim, evidente que é. Ir a uma dessas boates de strippers, um bordel com amigos, só pra olhar, é traição? Se não houver consentimento do parceiro, da parceira, se for às escondidas sim, isso também é traição. Porque dentro de um relacionamento, tudo deve ser compartilhado, sem segredos e sem claustrofobia. A não ser que seja um relacionamento capenga, pela metade.
Acho que, pra ser fiel, amor não basta. É preciso que exista muito oxigênio no relacionamento. Muita conversa, boa cama, muitos momentos a dois agradáveis, que os objetivos atuais e futuros sejam plantados e cultivados diariamente. Sem individualismo, mas respeitando a individualidade dos dois.
Será que ele está me traindo? Será que ele ou ela está te traindo? Como saber? Quem procura, acha. Pode contratar um detetive, gastar uma boa grana. A resposta virá em pouco tempo. As dúvidas invadem os pensamentos de quem está inseguro, especialmente as cabecinhas femininas. Será que aquele telefonema que ele desligou sem atender era de outra mulher? Será que ele comprou aquele monte de cuecas novas, aqueles perfumes, porque tem outra pessoa? Será que o interesse sexual dele está tão fraco assim porque transa com outra pessoa? Será que ele me ama? Será que ele ainda me quer? Perguntas muitas, que só mesmo você poderá responder. Traídos, traídas, pra sempre desconfiados, por mais longa que tenha sido a terapia após a traição anterior. É a vida, seus percalços. É o desafio da superação da dor passada.
Confiar em alguém depende não apenas do número de vezes que esse alguém transou com você, mas de suas atitudes. Carinho, alegria, motivação, vontade de planejar a vida juntos. Isso tudo dá energia, fôlego pro relacionamento seguir adiante sem desconfianças injustas. Algo muito diferente de estar dentro de um relacionamento no qual não se fala de futuro, não se planeja nada juntos.
Sim, já fui traída. Isso no passado, em um relacionamento findo há muito tempo. Também trago cicatrizes que são permanentes. Sou desconfiada, sou ciumenta. Quem perde com isso sou eu mesma, que a qualquer gesto suspeito perco a minha paz. Se meu companheiro não atende a uma simples ligação no celular, começa uma desordem emocional em meu coração, algo que aos poucos tento apaziguar, sem nada dizer, mas que me faz sofrer. Acho que pra quem sofre do mesmo mal que sofro, a frase de Chico Xavier deve servir de alento: ”Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. Difícil superar, difícil tornar-se tão inteiro quanto quem jamais foi alvo de uma traição. Pra ser feliz é preciso acreditar em si, acreditar no par e fortalecer-se de modo confiante e positivo. Amor não é tudo, confiança é fundamental.


4 comentários:

LMM disse...

Seu texto é perfeito, estou sofrendo nesse momento com a traição do meu namorado, mas eu não precisei de esforço para descobrir, ele me contou tudo, tudo em detalhes todos os passos que ele fez para me decepcionar.
foi torturante.

Cláudia Cavalcanti disse...

Luh,

Tem gente que não se contenta com o cristal quebrado, parece que "curte" um bombardeio atômico. Tomara que você esqueça, mas esqueça tudo, feito amnésia. Que só reste a experiência.
Força!
Beijo

Unknown disse...

Ola,Muito bom o texto, parabéns. Na fase da desconfiança eu estava vivendo em estado de choque, não conseguia trabalhar, não conseguia comer. Eu pensava que a minha loucura pela procura estava acabando com o meu casamento e quanto mais eu pensava assim, mais eu ficava para baixo, me sentindo culpada por estragar a relação dos meus sonhos. A descoberta me tirou do desespero e trouxe uma calma para meu coração. Eu não estava louca. Como está recente, fica uma mistura de sentimentos, de emoções em meu coração. Ele não acreditou que eu teria a coragem de me reerguer e seguir a minha vida como estou fazendo. Acho que ele estava numa confiança em si tão grande, pensava que eu jamais tomaria a atitude que estou tomando que resolveu jogar tudo para o alto, sem pensar nas conseqüências que eu sempre falei que teriam. A infidelidade dói tanto, mas acho que a deslealdade dói mais. Nunca pensei em trair meu marido, nunca me passou pela cabeça ter outro homem. Semana passada saí com um homem e pude entender que sexo não tem relação com amor. Ainda continuo amando meu ex marido e acho que continuarei para o resto da minha vida, tendo quantos homens forem. Então penso que esta aventura dele foi algo assim. Ele nunca imaginava que eu iria saber e ia voltar para casa ainda me amando. Hoje entendo isso. Porém a quebra de acordo, de confiança são irreparáveis. Tem hora que só penso nos momentos bons e logo em seguida me vem a decepção, a raiva de mim mesma por ter acreditado tanto. Não consigo ter raiva dele. Sinto pena. Quando o conheci ele era solitário, serio. Eu trouxe alegria para a sua vida e agora ele esta sentindo esta falta, vendo o que perdeu, desesperado pelo que fez. Disso tudo tirei uma coisa: não acredito mais em fidelidade e não quero mais acreditar. Acho que desta forma viverei mais tranqüila e serei mais dona de mim, me cuidarei mais para ter meus affairs também seja com que homem eu estiver. Tenho analisado bastante se os próximos homens que eu conhecer terão que pagar pelo erro do meu ex. Mas não quero mais pensar neles, quero pensar em mim. Sou uma mulher na casa dos 30, muito alegre, adoro meu trabalho que construí do nada, sou bonita, simpática, com meu futuro todo pela frente para eu guiá-lo como eu quiser. Tudo isso está me dando forca para tentar esquecê-lo. Estou tentando olhar para frente com mais intensidade do que a dor estou sentindo agora. Inúmeras vezes vem a hipótese de perdoá-lo e seguir em frente com nosso casamento, mas no mesmo momento penso na traição. Não sei se conseguiria mais ficar nesta relação com a mesma saúde mental de antes. Depois pensei comigo mesma que tinha que ficar forte novamente, pois não podia deixar o meu negocio, meu trabalho ser destruído depois de tanto esforço de minha parte. Uma frase não sai da minha cabeça: que pena! Meu tamanho amor, dedicação ao casamento viraram fumaça. A traição é como um papel que é amassado. Você pode até passar com ferro para esticá-lo novamente, mas as marcas nunca irão sair, nunca mais será aquela coisa lisa. Como está muito recente, eu não posso afirmar que um dia eu não volte para ele. Mas antes vou estruturar minha vida como se solteira estivesse, vou conhecer outros homens, viver para mim agora. E se eu achar que mais pra frente ele vale a pena ainda, eu volto, porém como outra pessoa. Aquela iludida, ingênua, morreu faz um mês e meio. Prefiro o eu de antes, mais alegre, encantada com a vida achando que um ET tinha pousado na terra para ser meu marido perfeito. Mas o eu de agora que é a pessoa certa para a vida, para enfrentar a realidade. Abraço, Rebeca. rebecasaintmore@gmail.com

Cláudia Cavalcanti disse...

A infidelidade dói muito, mas a deslealdade dói mais. De que adianta ter um relacionamento monogâmico se é preciso suportar, quiçá superar, a dor da ponta afiada e cortante da traição? É comum, desgastado talvez, aquele antigo dizer: confiança é igual a cristal, se quebrar não terá conserto.
Creio que,dentro de algumas décadas, mudará muito o padrão moral básico da sociedade. Não mais haverá, como regra, o relacionamento monogâmico. Aliás, desde agora, o que vale é não quebrar regras aceitas pelo casal, sejam quais forem essas regras.
Mágoa não combina com amor. Desconfiança, deslealdade, sofrimento, nada disso combina com felicidade. Para existir um relacionamento amoroso é preciso haver respeito, os mesmos objetivos, esforços conjuntos, confiança na fidelidade sexual, moral, financeira, total. Se a confiança foi traída, o que se pode esperar? Partiu-se o elo, a base que sustentava a relação. Se isso tem conserto? Faço votos que sim, mas eu mesma nunca entendi como que alguém consegue consertar cristal quebrado sem deixá-lo feio, defeituoso, inutilizável.
Espero que você seja feliz consigo mesma. Que seja feliz no seu dia a dia. Que seja feliz com seus amigos. Que o amor a encontre preparada para reconhecê-lo, serena para vivenciá-lo. Seja esse amor o homem que a traiu, ou outro alguém, que haverá de chegar quando tudo isso seja apenas lembranças de uma história encerrada, superada, cicatrizada.
Obrigada pelo comentário, continue lendo Diva Latívia e sempre participe do blog!

Um beijo