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Oh segunda-feira! Quando o dia amanheceu, você já estava magrinha e com uma hora a menos. Levantei seguida do temor habitual: perder a hora. O relógio de cabeceira, aquele digital que tem dupla função: rádio e relógio. O apetrecho projetava no teto do quarto ferozes números de cor vermelha. As minúsculas frestas da janela, cortina entreaberta, mostravam com clareza que já era dia. Levantei desorientada, rumei para a cozinha. Um café forte, para me ajudar a lembrar dos compromissos da manhã. Busquei meus óculos. Entrei novamente no quarto, tateando e caminhando às cegas. Escutei o som vindo do chão, algo assim: créc! Sob meus pés a sensação de ter pisado em caquinhos. Meus óculos de grau já eram.
Desde que o oftalmologista pronunciou seu veredito médico: presbiopia e astigmatismo, o acessório com armação moderna repousa sobre meu nariz. Sem os óculos sou quase cega. Lembrei-me dos óculos reserva, algo que serve de quebra-galho. Óculos de aro vermelho, que comprei em uma farmácia. Encontrei e fui até o espelho observar minha aparência. Um tanto embaçada a visão, mas o alívio foi imediato, novamente podia enxergar. Atrasada, corri e corri. Quando cheguei ao trabalho, a missão parecia impossível: relatórios, letrinhas desaforadamente miúdas. Um desafio para completar o primeiro dia da semana, o dia em que “pego no tranco”.
Depois do almoço, voltei ao escritório. Um cafezinho para preparar meu espírito para o restante da maratona do dia. Papinho com os colegas, uma balinha de hortelã para adoçar a boca. Rumei para a minha mesa, resignada. Foi naquele momento que enfiei meu pé dentro do cesto de papéis, uma espécie de lata de lixo. Algo digno de um desenho animado, talvez. Risos ao redor. Trapalhadas que coleciono, ao longo da novela protagonizada pela cegueira progressiva. E eu, na véspera da cirurgia que me salvará da catarata, da intervenção que promete me devolver a visão de antigamente, jamais esquecerei que nesta segunda-feira de agosto, praticamente meti o pé no balde. Por sorte, não derrubei o pau da barraca. Após a cirurgia poderei saber o que vem primeiro: minha distração ou minha pouca visão? Poderei avaliar o quanto sou distraída. Garota desastrada, essa sou eu, Diva Latívia!
Voltar a ver o mundo, ter a visão corrigida. Assustadora a ideia de ser operada, mas a compensação parece tentadora: voltar a ver! Este texto, carregado de veracidade, é também a explicação que deixo aqui, pra você leitor, leitora. Durante alguns dias poderei estar ausente, em fase de recuperação. Porém, o resultado parece certeiro: não voltarei a usar óculos e a minha visão será tão boa quanto foi antigamente. Restará a distração, essa não tem conserto e faz parte do meu jeito.
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
8 de ago. de 2011
OLHOS DE DIVA LATÍVIA
Oh segunda-feira! Quando o dia amanheceu, você já estava magrinha e com uma hora a menos. Levantei seguida do temor habitual: perder a hora. O relógio de cabeceira, aquele digital que tem dupla função: rádio e relógio. O apetrecho projetava no teto do quarto ferozes números de cor vermelha. As minúsculas frestas da janela, cortina entreaberta, mostravam com clareza que já era dia. Levantei desorientada, rumei para a cozinha. Um café forte, para me ajudar a lembrar dos compromissos da manhã. Busquei meus óculos. Entrei novamente no quarto, tateando e caminhando às cegas. Escutei o som vindo do chão, algo assim: créc! Sob meus pés a sensação de ter pisado em caquinhos. Meus óculos de grau já eram.
Desde que o oftalmologista pronunciou seu veredito médico: presbiopia e astigmatismo, o acessório com armação moderna repousa sobre meu nariz. Sem os óculos sou quase cega. Lembrei-me dos óculos reserva, algo que serve de quebra-galho. Óculos de aro vermelho, que comprei em uma farmácia. Encontrei e fui até o espelho observar minha aparência. Um tanto embaçada a visão, mas o alívio foi imediato, novamente podia enxergar. Atrasada, corri e corri. Quando cheguei ao trabalho, a missão parecia impossível: relatórios, letrinhas desaforadamente miúdas. Um desafio para completar o primeiro dia da semana, o dia em que “pego no tranco”.
Depois do almoço, voltei ao escritório. Um cafezinho para preparar meu espírito para o restante da maratona do dia. Papinho com os colegas, uma balinha de hortelã para adoçar a boca. Rumei para a minha mesa, resignada. Foi naquele momento que enfiei meu pé dentro do cesto de papéis, uma espécie de lata de lixo. Algo digno de um desenho animado, talvez. Risos ao redor. Trapalhadas que coleciono, ao longo da novela protagonizada pela cegueira progressiva. E eu, na véspera da cirurgia que me salvará da catarata, da intervenção que promete me devolver a visão de antigamente, jamais esquecerei que nesta segunda-feira de agosto, praticamente meti o pé no balde. Por sorte, não derrubei o pau da barraca. Após a cirurgia poderei saber o que vem primeiro: minha distração ou minha pouca visão? Poderei avaliar o quanto sou distraída. Garota desastrada, essa sou eu, Diva Latívia!
Voltar a ver o mundo, ter a visão corrigida. Assustadora a ideia de ser operada, mas a compensação parece tentadora: voltar a ver! Este texto, carregado de veracidade, é também a explicação que deixo aqui, pra você leitor, leitora. Durante alguns dias poderei estar ausente, em fase de recuperação. Porém, o resultado parece certeiro: não voltarei a usar óculos e a minha visão será tão boa quanto foi antigamente. Restará a distração, essa não tem conserto e faz parte do meu jeito.
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