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Quando acordo, cedinho ou não, a inspiração me cutuca. Entre um golinho de café forte e outro, tento espantá-la. Menina chata, espere um pouco, ainda estou acordando! Mas, ela é mais teimosa que meus dedos, que aqui dedilham o teclado do notebook. Afobada, lança muitas ideias, não dá sossego. Quanto maior a minha pressa, quanto mais compromissos eu tiver me esperando, mais ela me atiça. Egoísta, exige prioridade. Primeiro eu! Primeiro eu! Parece assim exclamar. E eu, mero instrumento de seus caprichos, entrego-me ao seu comando e deixo que as palavras se reúnam em formato de frases, histórias. O resultado, que leio depois, nem sempre me agrada, mas a danada da inspiração é vaidosa, ela aplaude o ponto final, vibra de modo parecido com o jogador de futebol que marcou um gol de placa.
Todos os dias ela marca presença, às vezes fica quietinha, não se manifesta tão cedo. Quando já estou na rua, trabalhando ou resolvendo algo banal, eis que ela espeta meus pensamentos. Basta observar uma cena urbana. Obedeço a sua ordem, pego um bloquinho de anotações que conservo dentro da minha bolsa. Busco a caneta, perdida entre tantos objetos miúdos. Rabisco as palavras que ela dita, parada na calçada, ou no trajeto entre as estações do metrô. E o mote? O mote pode ser o resfriado do gerente do banco, a mulher gorda que não conseguia passar pela catraca do ônibus, o motorista do carro que acelerou e quase atropelou aquele pedestre. Pode ser a notícia do telejornal, ou o voo ligeiro do passarinho que pousou no fio do poste.
Ainda de pijama, um tanto sonolenta, o primeiro alimento do meu dia é esta crônica. Quieta, ela ficou quietinha. Já trama a próxima história. Leio o resultado e sorrio. Aqui está o texto, o pão que alimentou minha alma hoje cedinho. O pão que compartilho com vocês, que aqui chegaram. Bom dia!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
25 de ago. de 2011
O PÃO QUE COMPARTILHO
Quando acordo, cedinho ou não, a inspiração me cutuca. Entre um golinho de café forte e outro, tento espantá-la. Menina chata, espere um pouco, ainda estou acordando! Mas, ela é mais teimosa que meus dedos, que aqui dedilham o teclado do notebook. Afobada, lança muitas ideias, não dá sossego. Quanto maior a minha pressa, quanto mais compromissos eu tiver me esperando, mais ela me atiça. Egoísta, exige prioridade. Primeiro eu! Primeiro eu! Parece assim exclamar. E eu, mero instrumento de seus caprichos, entrego-me ao seu comando e deixo que as palavras se reúnam em formato de frases, histórias. O resultado, que leio depois, nem sempre me agrada, mas a danada da inspiração é vaidosa, ela aplaude o ponto final, vibra de modo parecido com o jogador de futebol que marcou um gol de placa.
Todos os dias ela marca presença, às vezes fica quietinha, não se manifesta tão cedo. Quando já estou na rua, trabalhando ou resolvendo algo banal, eis que ela espeta meus pensamentos. Basta observar uma cena urbana. Obedeço a sua ordem, pego um bloquinho de anotações que conservo dentro da minha bolsa. Busco a caneta, perdida entre tantos objetos miúdos. Rabisco as palavras que ela dita, parada na calçada, ou no trajeto entre as estações do metrô. E o mote? O mote pode ser o resfriado do gerente do banco, a mulher gorda que não conseguia passar pela catraca do ônibus, o motorista do carro que acelerou e quase atropelou aquele pedestre. Pode ser a notícia do telejornal, ou o voo ligeiro do passarinho que pousou no fio do poste.
Ainda de pijama, um tanto sonolenta, o primeiro alimento do meu dia é esta crônica. Quieta, ela ficou quietinha. Já trama a próxima história. Leio o resultado e sorrio. Aqui está o texto, o pão que alimentou minha alma hoje cedinho. O pão que compartilho com vocês, que aqui chegaram. Bom dia!
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