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A mais doce lembrança da minha infância mora em um casarão cor-de-rosa, amplo, com um imenso jardim. Junto ao portão de grades altas, de cor grafite, havia uma cerca de azaléias.
A pitangueira ficava no fundo do quintal, frutos docinhos, galhos delicados. Sob o limoeiro colocávamos a rede. No verão o espaço ganhava uma dessas piscininhas desmontáveis, uma folia que abrigava os quatro irmãos, crianças da vizinhança e, vez ou outra, até os adultos participavam.
A edícula de nossa casa era o escritório do meu avô. O aroma era de livros, algo em torno de dez mil, entre muitas prateleiras. Na sala dos fundos, havia a lareira que jamais acendemos. Nela brincamos de esconde-esconde algumas vezes. Bem em frente ficava o piano. Sobre o piano o quadro da minha bisavó. Mais adiante Peter Pan, um peixinho dourado, tornou-se o mais novo membro da família. Incrível, ele viveu quase seis anos!
Tínhamos papagaio, cachorros, gatos e passarinhos. O televisor era imenso, à válvula, ficava sob o quadro de Jesus Cristo. A sala de jantar era adorável, tinha a cristaleira. A poncheira de cor azul. Da janela podíamos observar a quaresmeira em flor. A campainha era de sinos e entoava um melodioso “ding dong”. Na copa a mesa era grande, sentávamos todos ali, nossas refeições eram preparadas por uma velha cozinheira, a Dona Ernestina. Lembranças ensolaradas, de tantos anos atrás.
O tempo passou, crescemos depressa. A casa foi vendida, tem um prédio no mesmo lugar. O flamboayant, que existia na calçada, caiu em um desses temporais de verão, mas ainda resta outro, da mesma época. Toda vez que passo ali em frente, fecho os olhos e faço de conta que o tempo não passou, que ainda estamos ali brincando, que temos oito anos de idade e a vida inteira pra sonhar.
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
18 de abr. de 2010
MINHA CASA COR-DE-ROSA
A mais doce lembrança da minha infância mora em um casarão cor-de-rosa, amplo, com um imenso jardim. Junto ao portão de grades altas, de cor grafite, havia uma cerca de azaléias.
A pitangueira ficava no fundo do quintal, frutos docinhos, galhos delicados. Sob o limoeiro colocávamos a rede. No verão o espaço ganhava uma dessas piscininhas desmontáveis, uma folia que abrigava os quatro irmãos, crianças da vizinhança e, vez ou outra, até os adultos participavam.
A edícula de nossa casa era o escritório do meu avô. O aroma era de livros, algo em torno de dez mil, entre muitas prateleiras. Na sala dos fundos, havia a lareira que jamais acendemos. Nela brincamos de esconde-esconde algumas vezes. Bem em frente ficava o piano. Sobre o piano o quadro da minha bisavó. Mais adiante Peter Pan, um peixinho dourado, tornou-se o mais novo membro da família. Incrível, ele viveu quase seis anos!
Tínhamos papagaio, cachorros, gatos e passarinhos. O televisor era imenso, à válvula, ficava sob o quadro de Jesus Cristo. A sala de jantar era adorável, tinha a cristaleira. A poncheira de cor azul. Da janela podíamos observar a quaresmeira em flor. A campainha era de sinos e entoava um melodioso “ding dong”. Na copa a mesa era grande, sentávamos todos ali, nossas refeições eram preparadas por uma velha cozinheira, a Dona Ernestina. Lembranças ensolaradas, de tantos anos atrás.
O tempo passou, crescemos depressa. A casa foi vendida, tem um prédio no mesmo lugar. O flamboayant, que existia na calçada, caiu em um desses temporais de verão, mas ainda resta outro, da mesma época. Toda vez que passo ali em frente, fecho os olhos e faço de conta que o tempo não passou, que ainda estamos ali brincando, que temos oito anos de idade e a vida inteira pra sonhar.
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Um comentário:
Essas lembranças são lindas...gostosas!!
E ficam guardadas pra sempre...
Beijos
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