
Hoje lembrei do "bombeiro_saradão", sapo do Brejo Perfeito. E tudo porque algo se passou no meu mundinho real. Explico!
Estava eu toda produzida. Salto 10, maquiagem, cabelos soltos, perfumada. Peguei a bolsa e chamei o elevador. Demorou, demorou... Chegou ao meu andar.
Lá dentro uma moradora de uns 99 anos de idade. Cumprimentei a senhorinha, apertei o botão do térreo. Desceu um andar e tudo ficou escuro, o elevador apagou e parou. E eu, que sofro de claustrofobia, pensei que o mundo ia terminar naquele momento.
- "Tia, a senhora está bem?".
- "Estou sim, acho que faltou luz".
Apertei o botão de emergência, não funcionou.
Comecei a gritar: - "SOCORROOOO, estamos presas no elevador!"
Nada, nem mesmo um único sinal de alguém por perto pra nos ajudar.
– "SOCORRROOOOOOOOO!!!".
E a velhinha ali, em silêncio, pensei que ela tivesse desmaiado ou morrido. Então uma luz fraquinha brilhou na escuridão. Fósforos, ela tinha fósforos na bolsa!
- "Tia, melhor não acender isso, vai que nosso oxigênio acaba e morremos asfixiadas?".
– "Você é burrinha mesmo, minha filha. Não vai acabar o oxigênio porque o elevador tem entrada de ar".
E eu de novo: - "Alguém me AJUDAAAAAAA!!!"
A vovózinha tão calma que me dava mais nervoso ainda. Tive uma idéia, telefonei pro número dos bombeiros. Uma atendente me disse que iriam enviar uma viatura com a máxima urgência.
Sentei no fundo do elevador, a senhora continuou em pé e riscando fósforos. A cada clarão um novo espanto, acho que ela sofre de Parkinson e tremia enquanto segurava os fósforos acesos. Pior, começou a cantar um hino de louvor evangélico. E eu pensei: é castigo divino, sei que é!
Mais de meia hora assim, ninguém apareceu. Pensei que o prédio podia estar pegando fogo! Achei que ia virar churrasco. Lembrei do meu filho, da minha mãe. Lembrei que não tinha pagado o seguro de vida e, bem feito pro "Credicoisa", não tinha ainda pagado a fatura o cartão de crédito também. E estava assim, aterrorizada, quando ouvi um uóóóóóóóóó... Eram eles, os bombeiros! Aí pensei... Hum... Eles ficam tão elegantes naquele uniforme. Será que virá um soldado bonitão, alto e forte pra me salvar?
Entraram no prédio, pude ouvir vozes de moradores e de heróis do fogo conversando.
- "Tia, é melhor parar de riscar esses fósforos, os bombeiros vão te dar a maior bronca". Ela parou, finalmente.
– "Senhoras, somos os bombeiros, estamos aqui. Fiquem calmas e sigam nossas orientações. Fiquem no fundo do elevador, não se aproximem da porta". A velha escorada na porta.
– "Tia, facilita, obedece o bombeiro, vai". Foi um custo, acho que ela é surda, estava cantando algo sobre Davi e Salomé, sei lá, creio que a dentadura dela estava frouxa, não compreendi uma só frase do que cantou, mas tinha "aleluia" no refrão.
Abriram a porta do elevador, estava entre um andar e outro. Entrou um bombeiro no elevador, ai, ai... E levou a tiazinha. Aí desceu uma mulher e me salvou. E eu, que nunca vi bombeira salvar gata, fiquei desolada. Não podia ter salvado a tia e ter deixado o bombeiro gostosão me salvar?
Enfim, nem tive um final feliz digno de Hollywood. Fui salva por uma mulher, ainda bem que...Argh... Eu não precisei de respiração boca-a-boca. Porém, hoje em dia somos nós, mulheres, que somos os super-heróis do planeta.
Então, parabéns aos bombeiros e às bombeiras e, Tia, quem brinca com fósforos, já sabe: faz xixi na cama. Melhor dormir de fralda esta noite.
Texto de minha autoria publicado no blog Janela das Loucas.
Um comentário:
Diva
Que falta de sorte ser salva por uma bombeira e não " Um Bombeiro " !!!!!
Beijo
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