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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







16 de abr. de 2010

ACHADOS E PERDIDOS


Dois convites pra sair recusados, uma taça de vinho tinto pela metade e o computador ligado diante de mim. Sexta-feira, tu não estás santa!
Vida de Diva deveria, obrigatoriamente, ter glamour. Nada de louça pra lavar, supermercado por fazer ou fila de banco pra encarar.
A semana me superou. Foi mais louca do que eu. Ainda bem, agora é final de semana. Com direito a DVD e pipoca, caminhada no parque, encontrar alguns amigos e não arrumar o guarda-roupa, coisa que sempre deixo pro próximo final de semana.
O box do banheiro quebrou. Dona Marieta, minha faxineira, não soube explicar como aconteceu, disse que essas coisas não são de boa qualidade. Ou melhor, disse: “Dona Diva, essa porcaria de box não presta!” Culpou o box. E lá se foram cem reais pra arrumar.
Meu tapete da sala tem apelido. Floquinho! Sabem aquele cachorro do Cebolinha, das histórias em quadrinhos? Pois no Floquinho pode cair brinco, clipe, amendoim japonês, tampa de caneta. Com muita sorte o aspirador de pó vai capturar o objeto perdido. De tão felpudo poderia ser rebatizado: achados e perdidos. Ou perdidos e perdidos? Nesse tapete só não desaparecem os problemas.
Hoje tive a ingrata notícia. Meu aspirador de pó engasgou, travou, parou. Não funciona mais. Cheguei em casa, abri o recipiente que coleta a poeira. Lá estava uma colher de café, dois grampos de cabelo, uma meia de nylon ¾ de cor preta, uma borrachinha de prender o cabelo e, pasmem, uma nota de dez reais. E Dona Marieta disfarçou, cantou um hino evangélico e foi pra cozinha. Não, ela não fez aquilo. Claro que não. O aspirador de pó é tarado, comeu o Floquinho na minha ausência. Uma suruba divinal no meu apartamento, só pode ter sido isso. Existe outra explicação? Não. Fiz um interrogatório quase policial, ela chorou, fungou, enxugou os olhos no avental e entoou um hino de louvor da igreja que freqüenta.
Estava terminando o texto, resolvi abrir minha garrafa de Marquês de Borba, um vinho tinto português. Na minha adeguinha havia um espaço vazio. Procurei, revirei, já tinha falado meia-dúzia de nomes bem feios. Tive, então, a idéia de abrir a geladeira. E lá estava, suando na porta do refrigerador, o meu vinho tinto que custou mais de quarenta reais. Aberto e pela metade.
Está agora explicado o que aconteceu com a porta do meu box. Como diria Sherlock Holmes, elementar meu caro Watson! Dona Marieta encheu o latão de vinho do bom, com o aspirador de pó. Passou o aspirador até dentro da minha gaveta de bijuterias. Depois, foi tomar banho, entrou no box sem abrir a porta, quebrou o lacre com a cabeça. E não se lembra de nada.
Seu álibi é o louvor que canta desafinadamente. Um ótimo disfarce. Ela é a minha suspeita número um. O suspeito número dois é o Floquinho. Pode estar de caso com o aspirador de pó.

Um comentário:

Isis disse...

Muito engraçada...rsrsrs
E não é que isso acontece mesmo???

Beijos