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Pra acabar de vez com o marasmo da semana, decidi retornar às aulas de dança de salão. Aquela coisa de bolero, forró e salsa. Subi as escadas que levavam à sobreloja de um centro comercial na região da Avenida Paulista.
A música que tocava era valsa. Três casais dançando. Recostei-me à parede, fiquei observando. Aproximou-se uma senhora gorducha, cabelos tingidos de loiro indefinido. Sorriu simpática, perguntou se eu gostaria de ter uma aula grátis. Não revelei que já fui dançarina de salão, aceitei a oferta.
Sentei e esperei a próxima aula. Aula básica de dança de salão. Entraram duas moças. Logo pensei: "acho que vamos as três dançar com a vassoura, onde estarão os sapos?".
O tempo foi passando, olhei pro meu relógio de pulso, a aula estava atrasada e ninguém mais tinha chegado à escola de dança. Comecei a me arrepender. Tanta coisa interessante pra fazer naquele sábado à tarde, por que eu não tinha ao cinema? Ou ido à livraria visitar as prateleiras que me encantam? Ou...
- Olá!
Voltei pro mundo quando escutei isso. Era um senhor com uns duzentos anos de idade, mas com o olhar mais doce que já vi.
- Você é nova aqui?
Coisa boa escutar que é nova em alguma coisa.
Começou a aula. Três mulheres e o senhorzinho.
Passinho pra frente, passinho pra trás. Um, dois, um, dois. E eu lá, indo e vindo.
A professora disse: -“ Muito bem, agora vamos tentar juntos. Américo, pode ajudar a Diva? Ensine à ela a giradinha”.
Nunca fui conduzida com tamanha leveza. Meu par, Américo, era um tremendo pé de valsa. Na segunda volta ao redor da sala ele pisava em nuvens. Extasiado, sentiu-se o rei da cocada preta. Estufou o peito, encolheu a barriga. Tirou do bolso um lenço Presidente branco e passou na testa.
- “Parabéns, mocinha, você aprende depressa”.
Até me achei nessa hora. Eu, mocinha?
Chegou um casal. Ele baixinho, ela uns dez centímetros mais alta que ele.
E nossa professora: - “Agora vamos todos dançar os primeiros passos de forró. Um, dois, um, dois. Devagar, prestem atenção”.
E eu lá, velha sabedora daquilo tudo. Um, dois, um, dois.
Não fiz a matrícula. Pra mim teria que ser um curso mais avançado, mas não tive coragem de revelar, isso quebraria o encantamento.
Foram duas horas divertidas. Adorei o lencinho do Américo. Todo homem deveria usar lenço. É um charme só!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
13 de abr. de 2010
VAMOS DANÇAR?
Pra acabar de vez com o marasmo da semana, decidi retornar às aulas de dança de salão. Aquela coisa de bolero, forró e salsa. Subi as escadas que levavam à sobreloja de um centro comercial na região da Avenida Paulista.
A música que tocava era valsa. Três casais dançando. Recostei-me à parede, fiquei observando. Aproximou-se uma senhora gorducha, cabelos tingidos de loiro indefinido. Sorriu simpática, perguntou se eu gostaria de ter uma aula grátis. Não revelei que já fui dançarina de salão, aceitei a oferta.
Sentei e esperei a próxima aula. Aula básica de dança de salão. Entraram duas moças. Logo pensei: "acho que vamos as três dançar com a vassoura, onde estarão os sapos?".
O tempo foi passando, olhei pro meu relógio de pulso, a aula estava atrasada e ninguém mais tinha chegado à escola de dança. Comecei a me arrepender. Tanta coisa interessante pra fazer naquele sábado à tarde, por que eu não tinha ao cinema? Ou ido à livraria visitar as prateleiras que me encantam? Ou...
- Olá!
Voltei pro mundo quando escutei isso. Era um senhor com uns duzentos anos de idade, mas com o olhar mais doce que já vi.
- Você é nova aqui?
Coisa boa escutar que é nova em alguma coisa.
Começou a aula. Três mulheres e o senhorzinho.
Passinho pra frente, passinho pra trás. Um, dois, um, dois. E eu lá, indo e vindo.
A professora disse: -“ Muito bem, agora vamos tentar juntos. Américo, pode ajudar a Diva? Ensine à ela a giradinha”.
Nunca fui conduzida com tamanha leveza. Meu par, Américo, era um tremendo pé de valsa. Na segunda volta ao redor da sala ele pisava em nuvens. Extasiado, sentiu-se o rei da cocada preta. Estufou o peito, encolheu a barriga. Tirou do bolso um lenço Presidente branco e passou na testa.
- “Parabéns, mocinha, você aprende depressa”.
Até me achei nessa hora. Eu, mocinha?
Chegou um casal. Ele baixinho, ela uns dez centímetros mais alta que ele.
E nossa professora: - “Agora vamos todos dançar os primeiros passos de forró. Um, dois, um, dois. Devagar, prestem atenção”.
E eu lá, velha sabedora daquilo tudo. Um, dois, um, dois.
Não fiz a matrícula. Pra mim teria que ser um curso mais avançado, mas não tive coragem de revelar, isso quebraria o encantamento.
Foram duas horas divertidas. Adorei o lencinho do Américo. Todo homem deveria usar lenço. É um charme só!
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2 comentários:
Que texto lindo!
Consegui até "ver" a cena...
bjs
Que delicia dançar....
E concordo com Gisele, dá até pra ver a cena!
Muito bom o texto.
Beijo
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