A temperatura aqui, na cidade de São Paulo, está baixa. Frio, muito frio! O sol aparece durante o dia, aquece quem ali permanece. Porém, dentro de casa ou dentro de um escritório, não há o calorzinho bom do sol. Meus ossos resolveram protestar, amanheci com os joelhos se recusando a colaborar: emperrados! Quando entrei na cozinha, parecia ter entrado na geladeira. Mirei a pia, com um pouquinho de louça que deixei para lavar hoje cedo. Vontade de chorar! Porém, quem garante que, se eu chorasse, não derramaria pedrinhas de gelo face abaixo? A conta da luz chegou, abri. Depressa atirei a fatura pra dentro da bolsa. Hoje irei ao banco pagá-la, antes que Divo descubra que aumentou 20% o consumo de energia elétrica. A culpa disso? O aquecedor de ambiente, que permanece no meio da sala. Não temos lareira, que ele entenda que houve economia de lenha: uma despesa pela outra.
Há algumas semanas cismei que o frio seria inesquecível. Abri o guarda-roupa e de lá tirei casacões que sequer imaginava usar em uma viagem nacional. Gorros de lã, luvas, cachecóis, aquelas meias de lã grossas. Andaram rindo de mim: vai pro Polo Norte? E hoje, quando acordei, já enrolada em um xale de tricô, percebi mais de uma coisa. A primeira é que acertei na previsão do tempo. A segunda, percebi ao passar na frente do espelho usando óculos de grau, envolta em um xale, toda encolhidinha de frio: estou parecendo a vovozinha. A terceira é que, apesar da elegância das roupas de inverno, tanto frio não me faz bem. Para digitar este texto, com os dedos enrijecidos pela baixa temperatura, precisei remover as luvas.
Ah, quem me dera fosse hoje feriado. Um chocolate quente, cobertor, um filme na TV. Mais tarde, um delicioso prato preparado no fogão, acompanhado de uma taça de vinho tinto. Sonequinha durante a tarde, até acordar sem pressa. Chá mate, uma fatia de bolo de fubá. À noite, aquela sopa de queijo que preparo dentro do pão italiano. E mais vinho, claro. Porém, hoje, terça-feira, é dia útil. No horário comercial estarei dentro do prédio gelado onde trabalho. Encapotada, parecida com a mulher que veio da neve. Sem vinho, sem cobertor, sem televisor. Quem sabe o chá eu consiga providenciar. Eita vida dura essa de paulistana friorenta!
Há quem esteja atribuindo a mim essa queda na temperatura. Um alerta: oi! Sou a Diva, não a Deusa! Gosto do frio, escrevi sobre isso, mas não modifico a temperatura, por absoluta ignorância em matéria de alteração da natureza. Jamais, em minhas cinco décadas de vida, experimentei tamanho frio. Toda temperatura extrema é desagradável. Em uma cidade feito a minha, a São Paulo cercada de asfalto e concreto, no verão o calor torna-se insuportável. Acho que não gosto de passar sufoco algum. Nem pra mais, nem pra menos. Ando mais elegante, desfilo casacos, lenços, roupas de lã que são a última moda. Mas, amanhecer parecendo uma velhinha, com o esqueleto emperrado, isso ninguém merece. Pois que volte o calor, mas que não me faça transpirar. Sem escaldar minha pele alva, sem derrubar minha pressão arterial. Quero sombra e água fresca. Se assim for, eu topo! E ai de quem, dentro de poucos meses, se queixar do calorão. Será, então, a minha revanche! Reclamarei muito!
Agora, com licença. Vou encarar o gelado escritório. Bom frio a todos e, para aqueles que apreciam o calor, desejo calma. Nada melhor que um dia após o outro. O verão há de voltar. Neste momento, em minha cidade, o termômetro marca 11C. Coragem, Diva, coragem! Coragem, leitor, coragem!
Um comentário:
Cláudia a cada dia você está mais bonita. Elegante no inverno e em todas as estações do ano. Bela entre as belas hoje e sempre.
J.M.
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