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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







19 de jul. de 2011

TANTOS CRIMES! ATÉ QUANDO?


Li rapidamente o noticiário na internet. Há tempos evito assistir aos telejornais. A violência parece adentrar em minha sala. Ler possibilita a seleção do que quero ou não quero saber. Alienada, talvez. Meu coração já não é o mesmo. O tempo passou, ficou mole e bobo. Choro quando assisto à injustiça, à maldade, à violência.
Desde que fui vítima de um sequestro-relâmpago, tudo mudou. Parece que em mim havia uma certa inocência. Parecia imune a todo o mal. Quando alguém contava que foi assaltado, eu agradecia aos céus jamais ter sofrido algo semelhante. Pedia a Deus proteção a mim e a todos os meus. Até o dia em que escutei algo assim: - perdeu! Perdeu! Fica quietinha, cabeça baixa, não se mexa! Eram dois bandidos armados. O sequestro demorou mais de duas horas. Sacaram o dinheiro que conseguiram de diversos caixas eletrônicos em agências bancárias. Reviraram minha bolsa, queriam a senha do cartão de crédito. Quem tem senha de cartão de crédito? Mal conseguia lembrar a senha do cartão de débito, tal o medo que sentia. Pensava no meu filho, em pessoas que amo. Pensei que fosse morrer. Por fim, me largaram em uma rua escura, não levaram o carro. Fui chorar semanas mais tarde. Tive crise de pânico, não conseguia mais sair sozinha à noite. Aquele bairro, Moema, evitei durante vários meses. A vida voltou aos pouquinhos ao normal. Já o mundo, parece que jamais voltará ao normal!
Estava aqui, selecionando com o olhar as notícias mais leves. Não foi possível evitar uma notícia que causou em mim indignidade, pra não dizer nojo! Pai e filho, abraçados, juntos em uma feira agropecuária. Esses inúteis que têm agredido homossexuais, confundiram o pai e o filho com um casal gay e os agrediram. Estão machucados, por sorte estão vivos.
Então, quer dizer que ser gay merece agressão? Já não basta ser discriminado, precisa apanhar, talvez morrer? Quer dizer que andar de mãos dadas com alguém, abraçar, beijar, isso significa que seja um par romântico? Quanto preconceito! E se fosse um casal gay? Quem tem algo a ver com a opção sexual das pessoas? Cada qual faz sua escolha, não é da conta de ninguém se alguém é homossexual, bissexual ou heterossexual!
As nossas leis são muito brandas. Recentemente, com a mudança do Código de Processo Penal, eu que cursei uma faculdade de Direito, até me senti um tanto envergonhada. Ao invés de punir de modo exemplar quem comete uma série de delitos, ao invés de trancafiar em presídios aqueles que colocam a segurança de pessoas de bem em risco, mudaram tudo pra muito pior. É o caso de quem causou um acidente de trânsito com morte e pode pagar fiança e responder ao processo em liberdade. Permissividade! Frouxidão! Que país é este? Onde estarão aqueles criminosos que me sequestraram? Certamente continuam por aí, sequestrando.
Se amanhã eu sair pela rua e abraçar uma amiga, segurar sua mão, poderemos levar uma surra, talvez a gente morra. Amar o próximo, demonstrar afeto, escolher sua opção sexual, viver sua vida, nada disso podemos mais fazer. Cada dia mais e mais estamos acuados. Presos em casa, com grades. E lá fora os bandidos fazem o que bem querem. Estão protegidos pelas leis flácidas, pelo policiamento insuficiente, enquanto nós, que pagamos impostos, somos cidadãos brasileiros, não temos mais proteção alguma!
Já decidi, não vou mais ler notícias. Toda vez que assisto ao telejornal, choro de tristeza ou de raiva. Esse não é o mundo que meus pais desejaram pra mim, nem é o mundo que entreguei ao meu filho. Simplesmente porque somos pessoas de bem. Será que o mal vence o bem? Pois creio que, do jeito que anda a carruagem, logo estaremos em um mundo irrespirável, insuportável, detestável. E a culpa disso é nossa. Votamos errado nesses sujeitos que aprovam leis em benefício próprio. Em quem não está nem aí pra nós, muito menos pro mundo em que vivemos. A culpa é da Justiça? Difícil responder. Os processos se acumulam mais e mais. Não há funcionários suficientes. E os nossos impostos? Boa pergunta, especialmente quando precisamos pagar convênio médico porque os hospitais públicos deixam muito a desejar, quando pagamos colégio particular para nossos filhos, porque as escolas públicas costumam também deixar muito a desejar.
Moral da história. Estou revoltada. Comigo! Vou rever meu voto. Nas próximas eleições, aquele que apresentar um projeto bem elaborado e que dê mais segurança a São Paulo, terá o meu voto. Acompanharei cuidadosamente todo o seu trabalho, pra que cumpra o prometido. Afinal, o sujeito estará lá pra me representar.
O mundo só será bom e decente, quando o ser humano for bom e decente. Sem tamanha podridão, sem tamanha estupidez. Espero que quem cometeu o crime contra o pai e o filho vítimas da agressão, seja preso e permaneça preso por longos anos. Quimera, delírio, o cara está solto. Hoje em dia, só mesmo os ladrões de galinha vão assim presos. Os bandidões estão soltos, imunes a qualquer punição. Ou então pagam uma fiança qualquer e voltam pra sua vida desonrosa.
Como dizia minha mãe, vou mais é mudar pro mato. Plantar galinhas e criar couves. Viver o resto da vida em meu mundinho particular. Sem mais ler notícias, sem mais navegar na internet, sem mais assistir à televisão. Já que não posso transformar o mundo sozinha, vou me isolar em um castelinho cor-de-rosa, um faz-de-conta digno de uma ermitã. Não posso mais conviver com seres que matam por matar, roubam por roubar e depois ganham aquilo o que se tornou pra nós, gente de bem, algo limitado: a liberdade. Que mundo é esse, que abraçar um filho, abraçar um pai, pode ser alvo de agressão de criminosos? Que mundo é esse afinal?
Deixo aqui o link com a notícia sobre a agressão ao pai e ao filho.

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/07/confundidos-com-casal-gay-pai-e-filho-sao-espancados-em-sao-paulo.html

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