-
skip to main |
skip to sidebar
Considero o sossego o bem imaterial mais valioso que alguém pode obter. Quem tem sossego está em paz, tem saúde, amor, não está com a conta corrente no vermelho, dorme tranquilamente, está de bem com o espelho. Ah, sossego... Estava sossegadinha e ainda despertando nesta manhã.
A inspiração passou ligeirinha por mim. Sussurrou uma nova ideia para uma crônica. Diante do televisor, ao lado de Divo. Pouco mais de oito horas da manhã. No telejornal a matéria sobre o clima frio e, depois, outra reportagem: cerejeiras floridas no sul do país. Belas imagens, o contraste das flores e galhos delicados com o azul intenso do céu.
Ainda sonolenta, eis que brilhou a ideia: tradição oriental, convescote sob as cerejeiras. Reunião feliz, bucólica. Para aquelas que desejam o casamento, a recomendação é beber chá sob as floridas cerejeiras. Aquelas que tiverem a sorte de ter seu chá abençoado com uma pétala da cerejeira trazida pelo vento, se casará e terá felicidade.
Até aqui está bonitinho o meu texto, mas nasci para ser palhaça. Portanto, eis que decidi beber chá sob uma cerejeira em flor. Ao lado da minha casa, dona Mityko, amiga de minha mãe, tem uma cerejeira na frente de seu belo sobrado branco. Apressei-me. Procurei um chá de saquinho, não tinha de camomila, serviu aquele de nome esquisito: “bons sonhos”. Esquentei a água no micro-ondas, escolhi uma canequinha com a estampa da Cinderela. Mergulhei caprichosamente o sachê do chazinho na água escaldante. E lá fui eu, pro outro lado da rua.
Estava ali, ansiosa. Nada do vento soprar. Olhava pra cima e, vez ou outra, olhava ao redor. A cada vizinho que por ali transitava, eu tentava disfarçar. Olhava pra cima, ia mais pra frente, mais pra trás, mais pra direita, mais pra esquerda. Um motoqueiro passou e buzinou pra mim. E eu lá, mirando as pétalas da cerejeira em flor, uma espécie de malabarismo segurando a xícara e olhando pro alto. Passou um vizinho. – Bom dia, Sr. Antônio. É... Estou aqui admirando a cerejeira! Bonita, não é? E lá se foi o Sr. Antônio, sem dar muita bola pra minha maluquice. Eis que passou por mim o vigia da rua, Vanderlei. – Ô Dona Diva, a senhora tá procurando a dona Mityko? Ela saiu cedo hoje. – Não, Vanderlei. Eu vim aqui olhar a cerejeira. E papo vai, papo vem, mostrei a ele o chá. Coitadinho, àquela hora ainda não tinha tomado o café da manhã. Generosa, ofereci um golinho da xícara, eu poderia preparar outro chá pra mim. E eis que, nesse momento, nas mãos de Vanderlei, a pétala de flor caiu dentro do chá.
Pois é. Não serei eu a casar-me. Não desta vez. Preciso voltar lá, tentar outra vez. Quem sabe, convencer Divo a passear sob a árvore, segurar a xícara pra mim só um pouquinho? Acho que se ele se casar, a chance de eu me casar também se multiplicará. Quem sabe um case com o outro, Divo e Diva, coincidência feliz. Pois é, caro leitor, eu não desisto. Até simpatia oriental está valendo. Se souber de algo mais eficaz, conte pra mim. Quanto ao Vanderlei, continua de rolo com a faxineira da casa do final da rua. Não ata, nem desata. O chá “ bons sonhos” parece ter surtido algum efeito, não o vi o resto do dia, deve ter ido embora pra casa mais cedo. Eita chá danado de bom! Se não arruma casamento, ao menos dá um soninho irresistível!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
1 de jul. de 2011
O CHÁ QUE PROMETE ARRUMAR CASAMENTO
Considero o sossego o bem imaterial mais valioso que alguém pode obter. Quem tem sossego está em paz, tem saúde, amor, não está com a conta corrente no vermelho, dorme tranquilamente, está de bem com o espelho. Ah, sossego... Estava sossegadinha e ainda despertando nesta manhã.
A inspiração passou ligeirinha por mim. Sussurrou uma nova ideia para uma crônica. Diante do televisor, ao lado de Divo. Pouco mais de oito horas da manhã. No telejornal a matéria sobre o clima frio e, depois, outra reportagem: cerejeiras floridas no sul do país. Belas imagens, o contraste das flores e galhos delicados com o azul intenso do céu.
Ainda sonolenta, eis que brilhou a ideia: tradição oriental, convescote sob as cerejeiras. Reunião feliz, bucólica. Para aquelas que desejam o casamento, a recomendação é beber chá sob as floridas cerejeiras. Aquelas que tiverem a sorte de ter seu chá abençoado com uma pétala da cerejeira trazida pelo vento, se casará e terá felicidade.
Até aqui está bonitinho o meu texto, mas nasci para ser palhaça. Portanto, eis que decidi beber chá sob uma cerejeira em flor. Ao lado da minha casa, dona Mityko, amiga de minha mãe, tem uma cerejeira na frente de seu belo sobrado branco. Apressei-me. Procurei um chá de saquinho, não tinha de camomila, serviu aquele de nome esquisito: “bons sonhos”. Esquentei a água no micro-ondas, escolhi uma canequinha com a estampa da Cinderela. Mergulhei caprichosamente o sachê do chazinho na água escaldante. E lá fui eu, pro outro lado da rua.
Estava ali, ansiosa. Nada do vento soprar. Olhava pra cima e, vez ou outra, olhava ao redor. A cada vizinho que por ali transitava, eu tentava disfarçar. Olhava pra cima, ia mais pra frente, mais pra trás, mais pra direita, mais pra esquerda. Um motoqueiro passou e buzinou pra mim. E eu lá, mirando as pétalas da cerejeira em flor, uma espécie de malabarismo segurando a xícara e olhando pro alto. Passou um vizinho. – Bom dia, Sr. Antônio. É... Estou aqui admirando a cerejeira! Bonita, não é? E lá se foi o Sr. Antônio, sem dar muita bola pra minha maluquice. Eis que passou por mim o vigia da rua, Vanderlei. – Ô Dona Diva, a senhora tá procurando a dona Mityko? Ela saiu cedo hoje. – Não, Vanderlei. Eu vim aqui olhar a cerejeira. E papo vai, papo vem, mostrei a ele o chá. Coitadinho, àquela hora ainda não tinha tomado o café da manhã. Generosa, ofereci um golinho da xícara, eu poderia preparar outro chá pra mim. E eis que, nesse momento, nas mãos de Vanderlei, a pétala de flor caiu dentro do chá.
Pois é. Não serei eu a casar-me. Não desta vez. Preciso voltar lá, tentar outra vez. Quem sabe, convencer Divo a passear sob a árvore, segurar a xícara pra mim só um pouquinho? Acho que se ele se casar, a chance de eu me casar também se multiplicará. Quem sabe um case com o outro, Divo e Diva, coincidência feliz. Pois é, caro leitor, eu não desisto. Até simpatia oriental está valendo. Se souber de algo mais eficaz, conte pra mim. Quanto ao Vanderlei, continua de rolo com a faxineira da casa do final da rua. Não ata, nem desata. O chá “ bons sonhos” parece ter surtido algum efeito, não o vi o resto do dia, deve ter ido embora pra casa mais cedo. Eita chá danado de bom! Se não arruma casamento, ao menos dá um soninho irresistível!
LEIA TAMBÉM
GOSTINHO DE HORTELÃ
A vida é bailarina na pontinha dos pés. Seus gestos são de menina que imagina o infinito aqui. Coração que bate, laço de fita, amar ...
OS MAIS LIDOS
-
O que fazer quando ele não quer casar, quando ela não quer casar? Um namoro deveria rumar pra um compromisso sério, sem passos trôpegos, ...
-
A frase do dia, aquela que não quer se calar, li no Facebook: VOCÊ COISOU O MEU CORAÇÃO. Um compartilhamento ocasional. Coisar, verbo t...
-
No último final de semana acompanhei meu namorado em uma confraternização de final de ano. Amigos se reuniram para celebrar a vida. Impressi...
-
Ela somente conseguiu acreditar que não foi apenas um sonho bom, quando abriu os olhos e lá estava o buquê de flores do campo. Aproximou-se ...
Postagens em Arquivo
-
▼
2011
(196)
-
▼
julho
(19)
- CHÁ CALMANTE
- MR. MAGOO!
- ÓIA QUE TI FURO OS ZÓINHO!
- UM PALMO ADIANTE DO NARIZ
- MENOS? PAUSA!
- FELIZ DIA DO AMIGO!
- TANTOS CRIMES! ATÉ QUANDO?
- DIVO NA COZINHA
- SONHAR
- ANTIGA INFÂNCIA
- DIA DO HOMEM
- UM SORVETE E UM ROMANCE
- QUEM AMA ASSUME!
- PESADELO
- A TIA E A FESTA JULINA
- AI QUE FRIO!!!
- FINAL FELIZ EXISTE?
- SAUDADE EM SI ( Para Abílio Manoel)
- O CHÁ QUE PROMETE ARRUMAR CASAMENTO
-
▼
julho
(19)
Quem sou eu
Minha lista de blogs
-
-
Lindas gatinhas para adoção - Eu resgatei essas duas meninas junto com sua mãezinha, que tinha acabado de dar cria no meio de um depósito de sucata. Eu cuidei delas, castrei, vacinei ...
-
Doação de Ração - Amigos, nós cuidamos de 240 cães que foram abandonados pelas ruas e estradas. Estão todos em nosso sítio de Itapecerica da Serra, SP, que por sinal está to...
-
JANELA DAS LOUCAS – Com quantos e por que? - Este blog nasceu de um delirio entre amigos quando constatamos que Carolina – uma grande amiga do MSN – continuava solitária, 10 anos mais velha, porém rep...
-
Etimologia – ou Etiologia, como queiram! - Dentre os meus interesses, digamos assim, intelectuais e totalmente descompromissados, aquém do que se pudesse chamar de amor ou paixão, mas à frente da si...
Nenhum comentário:
Postar um comentário