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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







26 de jul. de 2011

ÓIA QUE TI FURO OS ZÓINHO!


Por que os homens olham outras mulheres, que não a sua própria mulher?
Alguns diriam: olham porque têm olhos. Não são cegos, portanto olham!
Porém, há uma diferença abissal entre olhar e “olhar”. Tem homem que encara, praticamente esquece quem está ao seu lado e perde-se naquele olhar de cobiça, algo que chega a ser agressivo pra companheira, ou até mesmo pra mulher que é alvo da olhada.
Passei pelas duas situações, inúmeras vezes. Alvo de olhares e vítima do olhar alheio. Ciumenta nata, não suporto ser a vítima. Hoje cedo, Divo ao volante do carro e eu, sentada no banco de passageiro. O semáforo fechou e, na pracinha da igreja, lá ia uma loirinha de seus 20 e poucos anos. Meio gordinha, cabelos longos e lisos, vestido desses de malha agarradíssimo, curtíssimo, meia-calça fio 70 de cor preta e botas. Idade para ser filha caçula de Divo, quiçá a neta. E ele, esquecido de mim, fez aquele movimento ingênuo de quem imagina não ter sido flagrado. Os olhinhos de Divo moveram-se para a esquerda, prenderam-se naquele rotundo traseiro, nas pernas roliças da garota. E eu, com a testa coçando, fiquei calada. Rapidamente avaliei o tamanho do transtorno, 9h00, um dia todo pela frente. Não quis chamar sua atenção, ele negaria, eu me irritaria e o pau quebraria. O farol abriu, o trânsito nos segurou antes de dobrarmos à esquerda na avenida. Novamente ele olhou. A expressão facial era de um bobo babão.
Por que os homens são assim? Eu sei. É comportamental, ainda mais em um país que muito mais valoriza o traseiro do que o cérebro feminino. Os machistas diriam: pudera, loirinha, novinha, vestidinho curto? E eu digo: ela tem o direito de vestir o que ela quiser. Já Divo, não tem o direito de perder assim o controle de seu olhar, ainda que equivocadamente de modo discreto. Sempre resta uma indagação angustiante: se age assim ao lado da mulher, o que é capaz então de fazer na ausência dessa mulher?
Mulher pode tornar-se vingativa. A roupa que hoje eu vestiria era um terninho de lãzinha fina, algo ideal para a temperatura fresca deste dia de inverno. Decidi usar um vestidinho com um decote um pouco mais pronunciado. A saia é esvoaçante, hoje está ventando. Um casaquinho para equilibrar o frescor do modelito. Salto alto, caprichei na maquiagem. Vou agora trabalhar, um ambiente austero, que exige compostura. Sentirei o peso dos olhares para meu traseiro. E Divo? Divo foi trabalhar de terno e gravata. Elegante, mas nada sensual. Eis a vingança feminina!

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