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O que aconteceria se agora, neste exato segundo, a vida acabasse, a morte vencesse o corpo e me levasse subitamente? Eu deixaria pessoas que amo, palavras que não disse, contas que não paguei, projetos interrompidos, sonhos que não se realizaram. Quantas vezes, ainda que sem notar, escapei da morte? Nem sei. A certeza é que, um dia, ela virá pra mim, assim como infelizmente ela chegará pra cada um. Espero que demore bastante!
Minha mãe dizia algo sobre o amor romântico, aquele amor que ofertamos ao nosso par: nunca faça de alguém o sol de sua praia, porque um ser humano tem vontade própria e, ao contrário do sol que brilha de modo generoso, esse alguém pode parar de aquecer seus dias, partir e deixá-la na escuridão.
Acho que ela sabia muito bem o que dizia, era alguém experiente. Entregar o coração a alguém oferece riscos. Ninguém sabe o quanto vai viver, quanto mais o quanto poderá durar um relacionamento. Desejamos que seja infinito, mas na verdade, nesta vida, infinito é algo que não existe. Tudo termina um dia, de um jeito ou de outro.
Achou desagradável o tema? Desculpe leitor, desculpe leitora. Porém, estou pensando na brevidade da vida, na fragilidade dos relacionamentos amorosos. Tanto tempo, tanta dedicação, tanta energia voltada pra um ser, aquela namorada, aquele namorado, aquele marido, aquela esposa. E tudo pode virar passado sombrio, basta uma puladinha de cerca, uma paixão clandestina ou mesmo a descoberta de que “o amor acabou”. E o fim, que jamais foi esperado, chega sem aviso prévio. Já era o relacionamento!
A gente investe no amor, talvez seja o investimento mais arriscado e mais pesado de todos os que fazemos nesta vida. Escolhemos um par, oferecemos exclusividade, nada de transar com outra pessoa. Engolimos alguns sapos, talvez pessoas agregadas a essa pessoa. Tentamos superar as dificuldades, as diferenças. Comungar os mesmos sonhos e planos. E o fim um dia chega, ainda que a morte seja a causadora desse fim.
Vale a pena sofrer porque alguém nos abandonou, traiu, foi embora, desistiu? Evidente que é doloroso, mas há pessoas que parecem não conseguir superar esse fim! Até chegam a encontrar um novo alguém, mas vivem pela metade, amam pela metade. O fantasma da ex-criatura os assombra. O medo de quebrar a cara de novo não os abandona, feito uma sombra. E esse alguém não consegue ser totalmente feliz e, muito menos, fazer o seu par feliz. Por medo, puro medo de sofrer novamente. Alguns se acham espertos: não vou mais casar, nem morar junto, isso não serve pra nada. Quero mais é cada um na sua casa, sem muito compromisso. E é justamente esse tipo de pessoa que jamais fará seu par feliz, afinal ele está pela metade, ele não supera a própria dor, não conseguiu florescer depois da tempestade que ocorreu em sua vida. Não mais investe, não mais se envolve totalmente.
A vida passa ligeiro. Não adianta imaginar que vai demorar pra envelhecer, porque a gente envelhece bem depressa. Os filhos crescem, casam, os netos nascem. Porém, parece que nem isso modifica o medo de certas pessoas. Continuam batendo na mesma tecla, aquela nota desafinada que só pensa em “si, si, si” e em seu medo: “dó, dó, dó”. Não saem do lugar.
O amor foi feito pra quem é simples de coração. Não pra quem planeja o amor com gráficos, estatísticas e cálculos. Quanto mais sofisticado o planejamento amoroso, tanto maior a chance de fracassar o relacionamento. O amor é pra quem anda descalço, pra quem sente a brisa bater no rosto, pra quem ri de si mesmo e admira o nascer do sol. Tem poesia embutida no amor, tanta que os poetas ainda conseguem, de modo inédito, escrever mais e mais sobre o tema. Inesgotável, assim é o amor.
Quem tem medo, quem não se entrega, quem calcula os passos, não é feliz. Isso serve pra investir na bolsa de valores, não no coração. Isso é ótimo pra atravessar a rua, não pra namorar, ou pra manter um bom casamento. Quem ama sonha, quem ama faz planos, quem ama não evita o compromisso.
Escrevi isso tudo pra lhes dizer que quem ama não sofre, nem faz sofrer. Quem ama não se magoa, nem magoa o par. Quem ama é feliz e leva a felicidade. Sem precisar oferecer presentes caros, sem precisar escrever coisas bonitas. O amor, por si só, é lindo. Imagine isso aliado à simplicidade do dia-a-dia.
Amar sem medo, essa a fórmula mágica, simples, natural de ser feliz. Quase todo o resto a gente compra no shopping.
Outro dia eu estava olhando as minhas comunidades no Orkut. Pouco entro naquele site, hoje em dia temos o tal do Facebook, ou Facecoisa, como diz Diva Latívia. Notei uma comunidade, da qual faço parte há algum tempo: "me assuma ou suma". Um tanto radical a frase, talvez. Porém, acho que o caminho é mesmo esse. Quem não assume, não deveria brilhar nem por um segundo na vida de alguém. É um sol que está fadado a esfriar, eis o que minha mãe dizia: ninguém é o sol da praia de ninguém!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
12 de jul. de 2011
QUEM AMA ASSUME!
O que aconteceria se agora, neste exato segundo, a vida acabasse, a morte vencesse o corpo e me levasse subitamente? Eu deixaria pessoas que amo, palavras que não disse, contas que não paguei, projetos interrompidos, sonhos que não se realizaram. Quantas vezes, ainda que sem notar, escapei da morte? Nem sei. A certeza é que, um dia, ela virá pra mim, assim como infelizmente ela chegará pra cada um. Espero que demore bastante!
Minha mãe dizia algo sobre o amor romântico, aquele amor que ofertamos ao nosso par: nunca faça de alguém o sol de sua praia, porque um ser humano tem vontade própria e, ao contrário do sol que brilha de modo generoso, esse alguém pode parar de aquecer seus dias, partir e deixá-la na escuridão.
Acho que ela sabia muito bem o que dizia, era alguém experiente. Entregar o coração a alguém oferece riscos. Ninguém sabe o quanto vai viver, quanto mais o quanto poderá durar um relacionamento. Desejamos que seja infinito, mas na verdade, nesta vida, infinito é algo que não existe. Tudo termina um dia, de um jeito ou de outro.
Achou desagradável o tema? Desculpe leitor, desculpe leitora. Porém, estou pensando na brevidade da vida, na fragilidade dos relacionamentos amorosos. Tanto tempo, tanta dedicação, tanta energia voltada pra um ser, aquela namorada, aquele namorado, aquele marido, aquela esposa. E tudo pode virar passado sombrio, basta uma puladinha de cerca, uma paixão clandestina ou mesmo a descoberta de que “o amor acabou”. E o fim, que jamais foi esperado, chega sem aviso prévio. Já era o relacionamento!
A gente investe no amor, talvez seja o investimento mais arriscado e mais pesado de todos os que fazemos nesta vida. Escolhemos um par, oferecemos exclusividade, nada de transar com outra pessoa. Engolimos alguns sapos, talvez pessoas agregadas a essa pessoa. Tentamos superar as dificuldades, as diferenças. Comungar os mesmos sonhos e planos. E o fim um dia chega, ainda que a morte seja a causadora desse fim.
Vale a pena sofrer porque alguém nos abandonou, traiu, foi embora, desistiu? Evidente que é doloroso, mas há pessoas que parecem não conseguir superar esse fim! Até chegam a encontrar um novo alguém, mas vivem pela metade, amam pela metade. O fantasma da ex-criatura os assombra. O medo de quebrar a cara de novo não os abandona, feito uma sombra. E esse alguém não consegue ser totalmente feliz e, muito menos, fazer o seu par feliz. Por medo, puro medo de sofrer novamente. Alguns se acham espertos: não vou mais casar, nem morar junto, isso não serve pra nada. Quero mais é cada um na sua casa, sem muito compromisso. E é justamente esse tipo de pessoa que jamais fará seu par feliz, afinal ele está pela metade, ele não supera a própria dor, não conseguiu florescer depois da tempestade que ocorreu em sua vida. Não mais investe, não mais se envolve totalmente.
A vida passa ligeiro. Não adianta imaginar que vai demorar pra envelhecer, porque a gente envelhece bem depressa. Os filhos crescem, casam, os netos nascem. Porém, parece que nem isso modifica o medo de certas pessoas. Continuam batendo na mesma tecla, aquela nota desafinada que só pensa em “si, si, si” e em seu medo: “dó, dó, dó”. Não saem do lugar.
O amor foi feito pra quem é simples de coração. Não pra quem planeja o amor com gráficos, estatísticas e cálculos. Quanto mais sofisticado o planejamento amoroso, tanto maior a chance de fracassar o relacionamento. O amor é pra quem anda descalço, pra quem sente a brisa bater no rosto, pra quem ri de si mesmo e admira o nascer do sol. Tem poesia embutida no amor, tanta que os poetas ainda conseguem, de modo inédito, escrever mais e mais sobre o tema. Inesgotável, assim é o amor.
Quem tem medo, quem não se entrega, quem calcula os passos, não é feliz. Isso serve pra investir na bolsa de valores, não no coração. Isso é ótimo pra atravessar a rua, não pra namorar, ou pra manter um bom casamento. Quem ama sonha, quem ama faz planos, quem ama não evita o compromisso.
Escrevi isso tudo pra lhes dizer que quem ama não sofre, nem faz sofrer. Quem ama não se magoa, nem magoa o par. Quem ama é feliz e leva a felicidade. Sem precisar oferecer presentes caros, sem precisar escrever coisas bonitas. O amor, por si só, é lindo. Imagine isso aliado à simplicidade do dia-a-dia.
Amar sem medo, essa a fórmula mágica, simples, natural de ser feliz. Quase todo o resto a gente compra no shopping.
Outro dia eu estava olhando as minhas comunidades no Orkut. Pouco entro naquele site, hoje em dia temos o tal do Facebook, ou Facecoisa, como diz Diva Latívia. Notei uma comunidade, da qual faço parte há algum tempo: "me assuma ou suma". Um tanto radical a frase, talvez. Porém, acho que o caminho é mesmo esse. Quem não assume, não deveria brilhar nem por um segundo na vida de alguém. É um sol que está fadado a esfriar, eis o que minha mãe dizia: ninguém é o sol da praia de ninguém!
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