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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







8 de out. de 2011

AI, O ASTRO!!!


Eu não assistia às novelas. Não assistia, mas agora assisto. Novela é santo remedinho pra deixar a minha cabeça totalmente oca, sem pensar em nada, senão na trama televisiva. Às vezes, nem presto atenção, fico em alfa sem pensar em absolutamente nada. Já sei quem é a Pereirão, por exemplo, com Lilia Cabral dando um verdadeiro show de interpretação. Pereirão ganhará na loteria e, tomara, aposentará aquele macacão. Porém, quisera não ser vencida pelo sono e assistir à segunda versão de O Astro. No século passado, quando eu era adolescente, a primeira versão foi estrelada por Francisco Cuoco. A atual versão tem Rodrigo Lombardi. Nada mau!
Estava em casa, chegou de viagem um dos meus irmãos. Esse vive viajando, pra lá, pra cá, sua vida é viajar a trabalho. Contou que viajou sentadinho ao lado de um ator. O nome não sabia. Disse assim: aquele da novela! Chutei o nome de mais de uma dúzia de atores, nenhum era o tal passageiro que sentou ao seu lado. Por fim, apareceu na TV uma chamada de O Astro e ele apontou pra telinha: esse cara aí! Quase surtei. Viajou sentado ao lado de ninguém menos que o próprio: Rodrigo Lombardi.
Ô vida injusta, comigo nada disso acontece! Minha última viagem de avião foi o pior sufoco. Voo atrasado, aeroporto lotado. Meu assento, previamente marcado, estava ocupado. Uma senhora gorducha levando uma dessas gaiolas destinadas aos animais de estimação. Fui educada: bom dia, senhora. Está sentada no meu lugar! Ela me olhou como quem mira uma lata de lixo. Meio indiferente, meio fazendo arzinho de nojo. Não respondeu. Repeti o que tinha dito antes, agora um pouquinho impaciente. Nada, apenas murmurou: - e daí? Sem alternativa, chamei a comissária de bordo. – Bom dia, comissária. Esta senhora está sentada no meu lugar. Pronto, começou a confusão. A mulher se agarrou ainda mais à gaiola e exclamou: não vou sair daqui, a janelinha é o lugar preferido do Rubens Miguel!Esse era o nome de um gato de quatro patas que, ao escutar seu nome, proferiu um estridente “miauuuuu”.
Gatos? Adoro gatos, todos eles, especialmente o Rodrigo Lombardi. Porém, eu não me sentaria na poltroninha do meio, feito salsicha de hot dog, entre a dita senhora e um adolescente que mascava chiclete de boca aberta. Insisti, eu queria o meu lugar. Enquanto isso, parada e atravancando o acesso dos passageiros, causei um congestionamento no corredor do avião. Já tinha gente reclamando: com licença! Pode sair da frente? E eu lá, mãos na cintura, sem me mover do lugar. Exigia meu assento, ou desceria no próximo ponto.
Por fim, arrumaram outra poltrona pro Rubens Miguel e sua dona, lá no fundo do avião. Aplausos da torcida! A mulher se dirigiu ao lugar resmungando, seu gato certamente não gostou daquele lugar, preferia a janelinha.
E eu, que só arrumo confusão, imagino como teria sido a viagem se eu tivesse tido a mesma sorte do meu irmão. Talvez, eu puxasse assunto, fazendo de conta não reconhecer Herculano Quintanilha. Possivelmente, pediria um autógrafo. Provavelmente, precisaria de um babador. Pediria pra ele ver o meu futuro, quem sabe? Ler a minha sorte, talvez? Ah, O Astro! E eu, que durmo muito antes do começo dessa novela, sequer vejo o bonitão de segunda à sexta.
Perguntei ao meu irmão se o perfume dele era bom. Ficou revoltadíssimo. Exclamou que é espada, que não percebe perfume de homem não! Quanto desperdício do destino. Fosse eu, se o cumprimentasse, se estendesse a ele a mão, acho que não a lavaria por longo tempo. Ah essas novelas. Pena que acabou Cordel Encantado. Eu suspirava pelo cangaceiro chefe, o Domingos... Domingos... Esqueci o nome do ator.
É por essas e outras que eu antes não parava na sala, à frente do televisor. Tempos que não voltam mais, quando eu não era tiete desses atores que são gente feito a gente, que entram em aviões, restaurantes, academias. E eu, quando esbarro em algum, tiro foto, peço autógrafo. Tem coisa mais boba e gostosa de se fazer? Creio que não!

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