Vontade de sair correndo e me declarar louca. Não mais cumprir os prazos, assinar papéis, nem mesmo pagar as contas. Vontade de gritar no trânsito, jogar fora o relógio, esquecer em casa o celular, mandar para os diabos quem vier reclamar. Vontade de não sorrir por simpatia, sequer por formalidade responder ao bom dia. Vontade de sair descalça, sem pentear os cabelos, falar sozinha, rir de mim mesma enquanto observo no céu o formato das nuvens: ora monstros, ora carneirinhos. Vontade de ter vontade, de não perder o fiozinho daquilo o que rotularam “felicidade”. Vontade de não andar na moda, de não seguir tantas regras, de fugir da cidade e não deixar meu endereço. Vontade de ter de volta o sorriso daquela foto antiga, quando eu ainda acreditava em papai Noel, duendes, fadinha do dente e assistia à novela. Vontade de chorar, mas as lágrimas secaram. Vontade de perder a memória, vagar sem pensar, feito garrafa com mensagem, perdida, atirada ao mar.
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário