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Anoiteci. A casa pareceu imensa, o tic-tac do relógio transformado em trovões. Meus passos ecoavam ensurdecedores no assoalho. Louca, estaria enlouquecendo? As luzes apagadas, faminta. Cozinhar só para mim? Uma fruta, isso seria o bastante. Subi a escada apressada, lembrei-me do antigo medo de fantasma. Acelerei o ritmo, corri. Cheguei ao quarto, deitei na cama improvisada com um edredom, acomodei-me. Fechei os olhos bem apertados. Na rua, o barulho dos carros passando, as vozes de vizinhos conversando ao longe.
Toca celular, por favor, toca! Silêncio, o mundo pareceu emudecido. Eu restei, só eu, sozinha, eu! Adormeci. Estava na praia, o mar cor-de-rosa. Ele, feito Netuno, venceu as ondas e caminhou na minha direção. – Vem! Vou te ensinar a voar! Estendi minha mão. Despertei.
Madrugada. As horas se arrastaram, pareceu proposital. Ideias reluziam feito vagalumes a rodear minha cabeça. Onde estariam todos? Aqueles, os que faziam festa? Entre um brinde e outro, desapareceram. Pouco a pouco.
O sol começou a despontar. Peguei a mala no cantinho do quarto, mais uma vez olhei pra casa vazia. E me despedi dos tijolos que me abrigavam. Mudança, adeus programado.
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
18 de out. de 2011
SOMBRIA
Anoiteci. A casa pareceu imensa, o tic-tac do relógio transformado em trovões. Meus passos ecoavam ensurdecedores no assoalho. Louca, estaria enlouquecendo? As luzes apagadas, faminta. Cozinhar só para mim? Uma fruta, isso seria o bastante. Subi a escada apressada, lembrei-me do antigo medo de fantasma. Acelerei o ritmo, corri. Cheguei ao quarto, deitei na cama improvisada com um edredom, acomodei-me. Fechei os olhos bem apertados. Na rua, o barulho dos carros passando, as vozes de vizinhos conversando ao longe.
Toca celular, por favor, toca! Silêncio, o mundo pareceu emudecido. Eu restei, só eu, sozinha, eu! Adormeci. Estava na praia, o mar cor-de-rosa. Ele, feito Netuno, venceu as ondas e caminhou na minha direção. – Vem! Vou te ensinar a voar! Estendi minha mão. Despertei.
Madrugada. As horas se arrastaram, pareceu proposital. Ideias reluziam feito vagalumes a rodear minha cabeça. Onde estariam todos? Aqueles, os que faziam festa? Entre um brinde e outro, desapareceram. Pouco a pouco.
O sol começou a despontar. Peguei a mala no cantinho do quarto, mais uma vez olhei pra casa vazia. E me despedi dos tijolos que me abrigavam. Mudança, adeus programado.
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