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Os amigos sempre torceram o nariz pro Mário Lúcio. Insistiam: ele não combina com você, Solange.
Há seis meses eles namoravam, se conheceram na academia, em uma aula de pilates. A Solange tinha engordado três quilos. Depois de fazer todas as dietas, especialmente aquelas publicadas em revistas, decidiu ir malhar. O Mário Lúcio era o tipo do cara que saía da academia e bebia seis latinhas de cerveja em seguida. A academia, pros dois, era passatempo e arapuca pra capturar uma nova paquera.
No dia que se conheceram, foram direto da academia pra um barzinho. O namoro começou no dia em que a Solange o convidou pra comer pizza com a turma da faculdade. Daí em diante, começaram a caminhar juntos no parque, uma vez por semana. Uma hora de caminhada, compensada com macarronada, sanduíche, salgadinho.
No terceiro mês de namoro tinham engordado tanto que as roupas estavam justas, mal cabendo em cada um. Por fim, em comum acordo, decidiram abandonar a academia. Uma vida sedentária, sem muitos passeios, sem muito o que fazer. Passavam horas a fio na frente do televisor, assistindo às novelas e programas de auditório. Ele não esqueceu dos amigos, aqueles do chope, da cerveja, costumava encontrá-los nos dias e horários em que, normalmente, os casais estão juntos e namorando: sexta-feira à noite, por exemplo. Ela, praticamente, abandonou os amigos, e passava metade do tempo livre navegando na internet, usando o computador do Mário Lúcio. Um tédio, compensado com sorvete, bolachinha, bombom. Assim foi até o dia que o Mário Lúcio reclamou: você está gorda! Não usa maquiagem nos olhos! O esmalte de suas unhas está descascado. Solange resolveu caprichar no visual, comprou roupas novas, perfume e até sombra verde ela passou nos olhos.
Um dia, para dar uma virada nessa história, usou o vestidinho preto e foi ao cabeleireiro fazer luzes, ficou ansiosa esperando a chegada do Mário Lúcio. Ele chegou, nem bem a cumprimentou, pegou o controle remoto do televisor, sintonizou o canal do futebol e só depois disse: como foi seu dia? Ela, toda produzida, ele de chinelo e bermuda. A noite foi em casa.
Foi assim que ela, pela primeira vez, percebeu que, pra ele, não existia. Não fossem os quilos a mais, sequer ocuparia espaço na vida do Mário Lúcio. Percebeu que as unhas podiam estar pintadas, a maquiagem podia estar caprichada, os cabelos esvoaçantes, o vestido ser lindo, caro e da moda. Pra ele, tanto fazia. Telefonou pro Caio Henrique, namorado do tempo de cursinho, pra desabafar.
E foi assim que a Solange descobriu que estava com o sujeito errado.
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
22 de out. de 2011
O CARA ERRADO
Os amigos sempre torceram o nariz pro Mário Lúcio. Insistiam: ele não combina com você, Solange.
Há seis meses eles namoravam, se conheceram na academia, em uma aula de pilates. A Solange tinha engordado três quilos. Depois de fazer todas as dietas, especialmente aquelas publicadas em revistas, decidiu ir malhar. O Mário Lúcio era o tipo do cara que saía da academia e bebia seis latinhas de cerveja em seguida. A academia, pros dois, era passatempo e arapuca pra capturar uma nova paquera.
No dia que se conheceram, foram direto da academia pra um barzinho. O namoro começou no dia em que a Solange o convidou pra comer pizza com a turma da faculdade. Daí em diante, começaram a caminhar juntos no parque, uma vez por semana. Uma hora de caminhada, compensada com macarronada, sanduíche, salgadinho.
No terceiro mês de namoro tinham engordado tanto que as roupas estavam justas, mal cabendo em cada um. Por fim, em comum acordo, decidiram abandonar a academia. Uma vida sedentária, sem muitos passeios, sem muito o que fazer. Passavam horas a fio na frente do televisor, assistindo às novelas e programas de auditório. Ele não esqueceu dos amigos, aqueles do chope, da cerveja, costumava encontrá-los nos dias e horários em que, normalmente, os casais estão juntos e namorando: sexta-feira à noite, por exemplo. Ela, praticamente, abandonou os amigos, e passava metade do tempo livre navegando na internet, usando o computador do Mário Lúcio. Um tédio, compensado com sorvete, bolachinha, bombom. Assim foi até o dia que o Mário Lúcio reclamou: você está gorda! Não usa maquiagem nos olhos! O esmalte de suas unhas está descascado. Solange resolveu caprichar no visual, comprou roupas novas, perfume e até sombra verde ela passou nos olhos.
Um dia, para dar uma virada nessa história, usou o vestidinho preto e foi ao cabeleireiro fazer luzes, ficou ansiosa esperando a chegada do Mário Lúcio. Ele chegou, nem bem a cumprimentou, pegou o controle remoto do televisor, sintonizou o canal do futebol e só depois disse: como foi seu dia? Ela, toda produzida, ele de chinelo e bermuda. A noite foi em casa.
Foi assim que ela, pela primeira vez, percebeu que, pra ele, não existia. Não fossem os quilos a mais, sequer ocuparia espaço na vida do Mário Lúcio. Percebeu que as unhas podiam estar pintadas, a maquiagem podia estar caprichada, os cabelos esvoaçantes, o vestido ser lindo, caro e da moda. Pra ele, tanto fazia. Telefonou pro Caio Henrique, namorado do tempo de cursinho, pra desabafar.
E foi assim que a Solange descobriu que estava com o sujeito errado.
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