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Ela tentou disfarçar. Há quanto tempo os dois não se viam? Muito tempo! Os e-mails eram ocasionais, as notícias esporádicas. Quando ele parou a poucos metros de si, tentou ser natural, mas o coração estava disparado. Aqueles olhos castanhos tinham o poder de refletir o brilho de seu olhar, ela se via nos olhos dele. Comunhão de almas. Tentou sorrir, mas riu de um jeito tímido, nervoso. Calculou: um ano? Dois anos? Não conseguia pensar direito.
Sentaram-se lado a lado. Escondeu as mãos, estavam geladas. Evitou olhá-lo dentro dos olhos novamente. Qualquer gesto a delataria. Todas as vezes que ela se sentia assim, disparava a falar. As palavras se derramavam feito um temporal. Falou do trabalho, da família, de sua impressão a respeito do cenário político. Evitou falar de seu novo relacionamento, sensação de abismo, pra não ficar sozinha encontrou um novo alguém. Se pudesse, voltaria no tempo, começaria tudo outra vez, só pra não perdê-lo de vista. Nunca mais. A saudade corria em suas veias, secava sua boca, parecia um perfume impregnado em sua alma. Em vão tentou esconder o que sentia. Seus olhos se encontraram com os dele.
Longo silêncio, ela tocou suavemente uma mecha dos cabelos grisalhos e desalinhados dele. Esperou um sinal, um gesto. Desejou mudar todo o rumo de suas histórias, trilhar juntos a mesma estrada, no mesmo ritmo e direção. Ele olhou para relógio de pulso, levantou-se apressado, despediu-se evitando um novo encontro de olhares, seguiu a rua por ela observado, passo a passo, até desaparecer na curva.
Voltaram a se ver muito tempo depois. Ela casada, ele sozinho. Ele se sentou ao seu lado, admirando o seu olhar. Longo silêncio. Ele disfarçou a inquietação e o coração acelerado e tocou suavemente uma mecha dos cabelos dela. Ela se afastou alguns centímetros, atendeu o celular, levantou-se apressada. Quando se despediram evitou olhar dentro de seus olhos e foi embora, sendo observada por ele, passo a passo, até desaparecer na entrada do metrô.
Ela tentou ser feliz no casamento. Ele aproveitou a vida ao seu modo, preenchendo o tempo com novidades muitas e afazeres interessantes. Não se encontraram mais, mas não se esqueceram. Jamais.A vida é feita de sonhos e de escolhas. Feita de encontros e despedidas. De decisões e de esperança. De expectativas e mudanças.
Anos mais tarde, encontraram-se no saguão do aeroporto. Ela, ao lado do marido. E ele com uma mulher que conheceu na internet. Era a terceira namorada que tinha em menos de um ano. Fingiram não se ver. Ela lembrou rapidamente de toda a história e sorriu tranquila, havia superado. E ele? Viajou e voltou pensando nela. Despedidas deveriam caber apenas em textos, mas o adeus se encaixou sob medida na vida dos dois. Definitivamente, desencontraram-se
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
31 de out. de 2011
A HISTÓRIA DELES DOIS
Ela tentou disfarçar. Há quanto tempo os dois não se viam? Muito tempo! Os e-mails eram ocasionais, as notícias esporádicas. Quando ele parou a poucos metros de si, tentou ser natural, mas o coração estava disparado. Aqueles olhos castanhos tinham o poder de refletir o brilho de seu olhar, ela se via nos olhos dele. Comunhão de almas. Tentou sorrir, mas riu de um jeito tímido, nervoso. Calculou: um ano? Dois anos? Não conseguia pensar direito.
Sentaram-se lado a lado. Escondeu as mãos, estavam geladas. Evitou olhá-lo dentro dos olhos novamente. Qualquer gesto a delataria. Todas as vezes que ela se sentia assim, disparava a falar. As palavras se derramavam feito um temporal. Falou do trabalho, da família, de sua impressão a respeito do cenário político. Evitou falar de seu novo relacionamento, sensação de abismo, pra não ficar sozinha encontrou um novo alguém. Se pudesse, voltaria no tempo, começaria tudo outra vez, só pra não perdê-lo de vista. Nunca mais. A saudade corria em suas veias, secava sua boca, parecia um perfume impregnado em sua alma. Em vão tentou esconder o que sentia. Seus olhos se encontraram com os dele.
Longo silêncio, ela tocou suavemente uma mecha dos cabelos grisalhos e desalinhados dele. Esperou um sinal, um gesto. Desejou mudar todo o rumo de suas histórias, trilhar juntos a mesma estrada, no mesmo ritmo e direção. Ele olhou para relógio de pulso, levantou-se apressado, despediu-se evitando um novo encontro de olhares, seguiu a rua por ela observado, passo a passo, até desaparecer na curva.
Voltaram a se ver muito tempo depois. Ela casada, ele sozinho. Ele se sentou ao seu lado, admirando o seu olhar. Longo silêncio. Ele disfarçou a inquietação e o coração acelerado e tocou suavemente uma mecha dos cabelos dela. Ela se afastou alguns centímetros, atendeu o celular, levantou-se apressada. Quando se despediram evitou olhar dentro de seus olhos e foi embora, sendo observada por ele, passo a passo, até desaparecer na entrada do metrô.
Ela tentou ser feliz no casamento. Ele aproveitou a vida ao seu modo, preenchendo o tempo com novidades muitas e afazeres interessantes. Não se encontraram mais, mas não se esqueceram. Jamais.A vida é feita de sonhos e de escolhas. Feita de encontros e despedidas. De decisões e de esperança. De expectativas e mudanças.
Anos mais tarde, encontraram-se no saguão do aeroporto. Ela, ao lado do marido. E ele com uma mulher que conheceu na internet. Era a terceira namorada que tinha em menos de um ano. Fingiram não se ver. Ela lembrou rapidamente de toda a história e sorriu tranquila, havia superado. E ele? Viajou e voltou pensando nela. Despedidas deveriam caber apenas em textos, mas o adeus se encaixou sob medida na vida dos dois. Definitivamente, desencontraram-se
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