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Cabeça cheia causa acidentes de percurso inumeráveis. Distrações, confusões. Nesses últimos dias ando assim: nas nuvens! Cheguei em casa carregando várias sacolas de compras do supermercado. Na boca o molho de chaves, porque não havia mais como segurar nada. Tinha a minha bolsa, a pasta de trabalho e o guarda-chuva. Nem bem pisei os pés no apartamento, o celular tocou. – Alô? E nada de responderem. Insisti: - Alô? Alô? Desliguei. Guardei as compras do jeito que foi possível, quase guardei o sabonete na gaveta de legumes da geladeira. Estava me preparando pra sair novamente, ir ao banco, quando de novo o celular tocou. - Alô? E nada! Isso ainda se repetiu quando eu estava dentro da agência bancária, depois no caminho de volta pra casa e, mais uma vez, quando eu tinha acabado de sair do elevador. Já estava zangada. – Quem é, pô? Não tem nada melhor pra fazer da vida, não?
O número era desconhecido. Gente anônima. Pensei até no José Raylton, aquele namorado de outrora, que fugiu levando o rádio que ganhou de presente. Sentei à frente do televisor. Para relaxar, escolhi um desenho animado. Já tinha tirado as sandálias, ajeitado as almofadas confortavelmente no sofá. Eis que o celular tocou de novo. Nem esperei o silêncio: - Fala desocupado, diga alô! – Alô, Diva. Aqui é do consultório dentário. A sua consulta está confirmada para amanhã, às 9h00.
Quase morri de tanta vergonha. Era a Nazaré, minha dentista. Por pouco não foi xingada, imaginei que fosse de novo aquele tal de” desconhecido”!
Resolvi mudar o canal, ver se a novelinha já tinha começado. Apertei o botão do controle remoto uma, duas, três vezes. E o celular tocou de novo. Procurei ao meu redor, não estava. Tocou até parar de tocar, não conseguia encontrá-lo. Foi quando reparei que eu estava tentando mudar o canal com o celular, não com o controle remoto da TV.
Decidi levar o aparelho celular à loja onde o comprei. Talvez, alguém pudesse me explicar como fazer para não mais receber aquelas chamadas indesejáveis. Eis que me explicaram que eu, possivelmente em uma dessas minhas crises de distração, tinha selecionado a opção “chamada falsa”. Então, o telefone tocava, eu atendia e não era ninguém. Eu nunca tinha ouvido falar nisso. Pra quê serve a chamada falsa, afinal? Só pode ser pra se livrar dos chatos. A pessoa finge que recebeu uma ligação urgente e cai fora!Voltei pra casa meio desconsolada. A cabeça anda sobrecarregada de deveres, missões. Resmunguei: - pirei!
Saí do elevador. A sensação foi estranha. Alguém tinha colocado na parede do corredor um quadro com o desenho de uma galinha. Ali escrito: “home, sweet home”. Não gostei do quadro, como que podiam ter feito isso comigo? Não sou galinha! Peguei o quadro e levei até à lixeira. Desaforo! Isso parecia coisa da vizinha do apartamento ao lado. Olhei furiosa em direção à porta da fulana. Engraçado, ela também tinha colocado um novo quadro junto à sua porta. Flores coloridas. E, no apartamento 21, bem em frente, pintaram a porta de branco! Eu só podia estar louca, o meu tapetinho de entrada não era aquele. Peguei a chave e tentei colocar na fechadura. Não entrava! Uma tentativa, duas, três. Que vontade de chorar! Estaria louca? Resposta: sim, totalmente louca. Aquele não era o meu andar. Desci do elevador um andar antes do meu! Depressa busquei o quadro na lixeira, coloquei direitinho de volta na parede. Corri pela escadaria, me mandei pro meu apartamento. Suspirei aliviada! Nada melhor do que a casa da gente! Parecia tudo resolvido. Não encontrei o controle remoto da TV durante um dia inteirinho. Tinha levado dentro da bolsa, descobri isso quando paguei o táxi hoje de manhã. Enfim, minha cabeça precisa de um upgrade, alguns downloads e muito mais memória!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
13 de out. de 2011
DIVAGANDO DISTRAÍDA
Cabeça cheia causa acidentes de percurso inumeráveis. Distrações, confusões. Nesses últimos dias ando assim: nas nuvens! Cheguei em casa carregando várias sacolas de compras do supermercado. Na boca o molho de chaves, porque não havia mais como segurar nada. Tinha a minha bolsa, a pasta de trabalho e o guarda-chuva. Nem bem pisei os pés no apartamento, o celular tocou. – Alô? E nada de responderem. Insisti: - Alô? Alô? Desliguei. Guardei as compras do jeito que foi possível, quase guardei o sabonete na gaveta de legumes da geladeira. Estava me preparando pra sair novamente, ir ao banco, quando de novo o celular tocou. - Alô? E nada! Isso ainda se repetiu quando eu estava dentro da agência bancária, depois no caminho de volta pra casa e, mais uma vez, quando eu tinha acabado de sair do elevador. Já estava zangada. – Quem é, pô? Não tem nada melhor pra fazer da vida, não?
O número era desconhecido. Gente anônima. Pensei até no José Raylton, aquele namorado de outrora, que fugiu levando o rádio que ganhou de presente. Sentei à frente do televisor. Para relaxar, escolhi um desenho animado. Já tinha tirado as sandálias, ajeitado as almofadas confortavelmente no sofá. Eis que o celular tocou de novo. Nem esperei o silêncio: - Fala desocupado, diga alô! – Alô, Diva. Aqui é do consultório dentário. A sua consulta está confirmada para amanhã, às 9h00.
Quase morri de tanta vergonha. Era a Nazaré, minha dentista. Por pouco não foi xingada, imaginei que fosse de novo aquele tal de” desconhecido”!
Resolvi mudar o canal, ver se a novelinha já tinha começado. Apertei o botão do controle remoto uma, duas, três vezes. E o celular tocou de novo. Procurei ao meu redor, não estava. Tocou até parar de tocar, não conseguia encontrá-lo. Foi quando reparei que eu estava tentando mudar o canal com o celular, não com o controle remoto da TV.
Decidi levar o aparelho celular à loja onde o comprei. Talvez, alguém pudesse me explicar como fazer para não mais receber aquelas chamadas indesejáveis. Eis que me explicaram que eu, possivelmente em uma dessas minhas crises de distração, tinha selecionado a opção “chamada falsa”. Então, o telefone tocava, eu atendia e não era ninguém. Eu nunca tinha ouvido falar nisso. Pra quê serve a chamada falsa, afinal? Só pode ser pra se livrar dos chatos. A pessoa finge que recebeu uma ligação urgente e cai fora!Voltei pra casa meio desconsolada. A cabeça anda sobrecarregada de deveres, missões. Resmunguei: - pirei!
Saí do elevador. A sensação foi estranha. Alguém tinha colocado na parede do corredor um quadro com o desenho de uma galinha. Ali escrito: “home, sweet home”. Não gostei do quadro, como que podiam ter feito isso comigo? Não sou galinha! Peguei o quadro e levei até à lixeira. Desaforo! Isso parecia coisa da vizinha do apartamento ao lado. Olhei furiosa em direção à porta da fulana. Engraçado, ela também tinha colocado um novo quadro junto à sua porta. Flores coloridas. E, no apartamento 21, bem em frente, pintaram a porta de branco! Eu só podia estar louca, o meu tapetinho de entrada não era aquele. Peguei a chave e tentei colocar na fechadura. Não entrava! Uma tentativa, duas, três. Que vontade de chorar! Estaria louca? Resposta: sim, totalmente louca. Aquele não era o meu andar. Desci do elevador um andar antes do meu! Depressa busquei o quadro na lixeira, coloquei direitinho de volta na parede. Corri pela escadaria, me mandei pro meu apartamento. Suspirei aliviada! Nada melhor do que a casa da gente! Parecia tudo resolvido. Não encontrei o controle remoto da TV durante um dia inteirinho. Tinha levado dentro da bolsa, descobri isso quando paguei o táxi hoje de manhã. Enfim, minha cabeça precisa de um upgrade, alguns downloads e muito mais memória!
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