Quando Zezé, valiosa ajudante do lar, trouxe pra mim um chá calmante, torci meu nariz. Não costumo beber chá. Porém, decidi prestigiar tamanha dedicação e carinho. No primeiro gole, senti um sabor meio amargo, sabor típico de ervas colhidas no jardim. Perguntei: - chá de boldo? Não senhora, é daquela “pranta”do vasinho. Simplesmente gelei. Não lembrava de planta alguma, parei imediatamente de tomar o chá. Cismada, pedi que ela me mostrasse a planta qual era. Dizem os antigos que nada melhor que um bom chá quente antes de se deitar, especialmente quando o problema é digestivo ou dos nervos. E eu estava com esses dois problemas ao mesmo tempo.
No jardim, ao lado de Zezé, descobri que ela havia usado uma planta ornamental, colhido suas folhas, para preparar o chá. Pura ignorância, não sei distinguir plantas que curam de plantas venenosas. Busquei um envelope de sal de frutas, talvez servisse de antídoto. Meia hora depois, já no meu trabalho, parecia que eu tinha pegado sarampo, toda empipocada, a pele com muitas manchinhas cor-de-rosa que coçavam sem parar. Pensei em automedicar-me, coisa que os médicos reprovam. Desisti, mas comecei também a espirrar sem parar. Tomei um antialérgico. O efeito colateral foi a sonolência. Acabei dormindo sobre a mesa do escritório, ao longe escutei meu chefe, dr. Armando, chamar o meu nome: Diva, Diva... Meu corpo pesava duas toneladas, minha cabeça parecia um bloco de concreto. E lá longe o homem repetia meu nome. Não conseguia responder. É tudo o que lembro.
Acordei em um hospital, toda ligada em aparelhos. Ao meu lado uma gente de branco. Sinceramente, pensei ter morrido, só tive certeza que estava viva quando puxaram uma comadre debaixo de mim. Mortos não fazem xixi, acho eu. Assim que pude me comunicar, veio o médico falar comigo. Envenenamento, bebi um chá de “comigo ninguém pode”. Pra não incriminar Zezé, eu disse que tinha limpado o jardim e que, talvez, eu tivesse acidentalmente levado as mãos ao rosto, passado a mão na boca. Claro, ninguém engoliu a minha versão, mas o que foi dito, está dito.
Encontrei entre os meus antigos pertences um livro sobre “ervas que curam”, imediatamente senti um arrepio, lembrei do episódio da “pranta”da Zezé. Hoje, no meu jardim, apenas melissa, limão, hortelã, salsinha e manjericão. Em casa, só tem uma coisa com quem ninguém pode: eu mesma. A concorrente queimei e joguei fora, em cinzas.
4 comentários:
Muito engraçado...já estava com saudade de vir aqui ler teus textos....sempre dou boas risadas com essa Diva maluquinha....
Beijos
Oi, Isis...
SHSHSHSHSHSHSHSHSH.... Tem umas 24.700 pessoas lendo isso aqui! Sou maluca mesmo, mas não espalha! rsrsrs
Obrigada, querida. Seus comentários sempre me animam e me fazem acreditar que ter o blog vale a pena.
Beijo
Espero, sinceramente, que esta prosa seja apenas fruto da sua imaginação. Digo isto porque há meio mundo virtual alertando para a planta em amostra e, a ser verdade, corria o risco de não ler mais os seus belos textos.
Aceite um bjinho virtual de seu amigo (ainda) igualmente virtual.
LM
Obrigada, Luís. Fique tranquilo, a planta é venenosa, mas Diva Latívia é simplesmente... geniosa...rs
Um beijo
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